Moraes manda prender Ramagem após fuga para Miami

Atualizado em 21 de novembro de 2025 às 13:45
O deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ). Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou nesta sexta (21) a prisão do deputado Alexandre Ramagem após a Polícia Federal levantar suspeitas de que ele deixou o Brasil de forma clandestina. Condenado no processo da trama golpista, o parlamentar está em Miami e fugiu do país sem comunicar oficialmente a Câmara dos Deputados.

A viagem internacional viola decisão do STF que proibia sua saída do país. Segundo a CNN Brasil, investigadores suspeitam que Ramagem cruzou a fronteira por um país vizinho, evitando o controle migratório antes de seguir para os Estados Unidos.

A Câmara informou que não recebeu qualquer pedido de autorização e que o deputado não integra missão oficial. Além disso, mesmo apresentando atestados médicos que justificariam seu afastamento entre setembro e dezembro, ele participou de votações durante o período.

O episódio levou o PSOL a solicitar ao STF e à PF a prisão preventiva de Ramagem e de outros condenados do núcleo principal da tentativa de golpe. Para o partido, a suspeita de fuga demonstra risco real de evasão entre figuras com acesso a recursos e influência política.

O pedido também cita nomes como Almir Garnier, Augusto Heleno, Paulo Sérgio Nogueira e Anderson Torres. A legenda quer que o STF tome medidas para localizar e repatriar Ramagem caso se confirme que ele está no exterior. Isso pode envolver pedidos de extradição ou cooperação com autoridades americanas.

Antes de ser parlamentar, Ramagem atuou como delegado da PF em Roraima, o que reforça a suspeita de que conhecia rotas de fronteira usadas para driblar fiscalização. As investigações apontam que ele teria viajado primeiro a Boa Vista e, em seguida, seguido de carro até a fronteira, de onde embarcou rumo ao exterior.

A prisão preventiva, segundo a TV Globo, já havia sido decretada por Moraes antes mesmo do pedido do PSOL. Ramagem foi condenado a 16 anos, 1 mês e 15 dias pelos crimes de organização criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado. Para o STF, ele usou a estrutura da Abin, quando era diretor, para monitorar adversários e auxiliar Bolsonaro nos ataques ao sistema eleitoral.

A decisão do Supremo determinou ainda que ele entregasse o passaporte e permanecesse no Brasil enquanto o processo segue na fase de recursos. O primeiro embargo já foi negado, e, com o avanço da tramitação, a execução da pena pode ocorrer a qualquer momento.

A situação se agravou com a revelação de que, dois dias antes da ordem de prisão, Ramagem pediu roaming internacional para votar remotamente o PL Antifacção. As regras da Câmara proíbem o exercício do mandato a partir do exterior, o que reforça as suspeitas da PF sobre sua saída clandestina.

Caique Lima
Caique Lima, 27. Jornalista do DCM desde 2019 e amante de futebol.