Alexandre Ramagem estava afastado da Câmara, por atestado médico, desde 9 de setembro. Sumiu e ninguém desconfinou de nada. Continuava votando pelo sistema remoto. E mantinha o passaporte diplomático, de deputado, que deveria ter sido retido, por ‘descontrole’ da Câmara.
Fugiu pela fronteira norte com a ajuda de alguém do tempo em que era o chefe da espionagem do fascismo. E mora desde então nos Estados Unidos, e ninguém sabia de nada.
Mais de dois meses depois de desaparecer foi descoberto pelo site PlatôBR em um condomínio de luxo em North Miami, com toda a família. Quem sustenta Ramagem nos EUA?
O salário de deputado, num condomínio de luxo em que um aluguel
mensal custa algo equivalente a R$ 60 mil, ou a casa é emprestada?
Com ele, já são pelo menos quatro os foragidos da extrema direita, considerando-se os que foram formalmente assim enquadrados pela Justiça. Outros estão fugindo, mas não tiveram ainda a prisão decretada.
Allan dos Santos, Paulo Figueiredo e Carla Zambelli são foragidos da Justiça, com ordem de prisão. Eduardo Bolsonaro e Monark esconderam-se nos Estados Unidos por conta e risco, mas não há mandados contra eles.
E Alexandre Ramagem pode repetir o que Marcos do Val fez, quando ficou fora do país por um tempo, sem autorização, depois voltou e não deu nada.

A prisão do delegado já foi decretada. Mas não será revogada mais adiante, se ele voltar, antes do início do cumprimento de cadeia? Será que Ramagem volta?
Um detalhe importante da situação dele. Ramagem, por ter cometido parte dos crimes como golpista depois da diplomação como deputado, tem blindagem da prerrogativa parlamentar e por isso teve a menor pena entre os condenados do núcleo crucial (com exceção do delator Mauro Cid, que por ser dedo-duro é um caso à parte).
A pena de Ramagem é de 16 anos de cadeia, o que é pouco pelo que fez, até porque manés do 8 de janeiro, como Fátima de Tibarão, pegaram 17 anos. Relembrem as penas de cada um dos chefe do golpe:
Jair Bolsonaro: 27 anos e três meses de pena privativa de liberdade em regime inicial fechado e 124 dias-multa (cada dia-multa no valor de dois salários mínimos à época dos fatos).
Walter Braga Netto, general da reserva, ex-ministro da Casa Civil e da Defesa: 26 anos de pena privativa de liberdade em regime inicial fechado e 100 dias-multa (cada dia-multa no valor de um salário mínimo à época dos fatos).

Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do DF: 24 anos de pena privativa de liberdade em regime inicial fechado e 100 dias-multa (cada dia-multa no valor de um salário mínimo à época dos fatos).
Almir Garnier, almirante e ex-comandante da Marinha: 24 anos de pena privativa de liberdade em regime inicial fechado e 100 dias-multa (cada dia-multa no valor de um salário mínimo à época dos fatos).
Augusto Heleno, general da reserva e ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI): 21 anos de pena privativa de liberdade em regime inicial fechado e 84 dias-multa (cada dia-multa no valor de um salário mínimo à época dos fatos).
Paulo Sérgio Nogueira, general da reserva e ex-ministro da Defesa: 19 anos de pena privativa de liberdade em regime inicial fechado e 84 dias-multa (cada dia-multa no valor de um salário mínimo à época dos fatos).
Alexandre Ramagem, deputado federal e ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin): 16 anos, um mês e 15 dias de pena privativa de liberdade em regime inicial fechado e 50 dias-multa (cada dia-multa no valor de um salário mínimo à época dos fatos).