
A defesa de Jair Bolsonaro encaminhou ao STF um relatório médico que lista dez problemas de saúde para sustentar o pedido de manutenção da “prisão domiciliar humanitária”.
O documento, assinado pelos médicos Claudio Birolini e Leandro Santini Echenique, afirma que o ex-presidente precisa de monitoramento contínuo, estrutura médica permanente e possibilidade de atendimento hospitalar imediato. A defesa anexou exames recentes e registros de atendimentos para reforçar a argumentação.
Entre as condições apresentadas, a primeira é doença do refluxo gastroesofágico com esofagite, que pode causar inflamações, dificuldades alimentares e episódios de dor abdominal.
Os médicos também apontam oclusão e estenose de carótidas, que envolvem estreitamento das artérias responsáveis por levar sangue ao cérebro. A lista inclui ainda doença aterosclerótica do coração, condição caracterizada pelo acúmulo de placas nas artérias, e hipertensão essencial, que exige controle frequente de pressão e uso regular de medicação.
O relatório cita também anemia por deficiência de ferro, que pode provocar fadiga e redução de resistência física. Outro ponto mencionado é a ocorrência de soluços incoercíveis, classificados como episódios prolongados e de difícil controle.
A defesa inclui ainda neoplasia maligna de pele, que demandou procedimentos recentes de retirada de lesões, e apneia do sono, quadro que causa interrupções respiratórias durante a noite e requer acompanhamento especializado.
Entre os problemas musculoesqueléticos, o documento aponta hérnia inguinal com indicação de possível cirurgia, condição que pode causar dor e limitações de movimento. O conjunto se completa com pneumonia bacteriana recorrente, relatada em duas ocasiões neste ano, segundo o texto entregue ao STF. A defesa afirma que essas condições, somadas ao histórico cirúrgico desde a facada de 2018, exigem supervisão médica constante.
O relatório também cita eventos recentes, como a cirurgia de urgência realizada em abril por causa de uma obstrução intestinal, além dos episódios de pneumonia registrados entre maio e novembro. Em setembro, Bolsonaro passou por procedimento dermatológico para remoção de lesões de pele. A defesa anexou pelo menos sete exames, incluindo avaliações cardíacas, pulmonares e gastrointestinais.
Saúde de Bolsonaro segura na prisão? pic.twitter.com/Uxq50njjXz
— Eduardo Bolsonaro🇧🇷 (@BolsonaroSP) November 21, 2025
O pedido tenta evitar uma eventual decisão do ministro Alexandre de Moraes que determine a saída da prisão domiciliar preventiva e a transferência de Bolsonaro para o Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília. Nos bastidores, o local conhecido como “Papudinha”, instalado no 19º Batalhão da Polícia Militar do DF, é citado como o destino mais provável.
Os advogados afirmam que a mudança representaria risco ao ex-presidente e solicitam tratamento semelhante ao concedido ao ex-presidente Fernando Collor, que obteve prisão domiciliar humanitária em maio.
O recurso foi enviado na mesma semana em que o acórdão do julgamento da ação penal contra Bolsonaro foi publicado. O documento rejeitou o último recurso apresentado pela defesa no caso da trama golpista.
Os advogados anunciaram que vão apresentar embargos infringentes, mesmo reconhecendo que, segundo a jurisprudência do STF, esse tipo de recurso só é admitido quando há dois votos pela absolvição — Bolsonaro obteve apenas um, dado pelo ministro Luiz Fux. A defesa reforça que, enquanto aguarda uma nova decisão, o quadro clínico exige que Bolsonaro permaneça em casa com supervisão adequada.