COP30 aprova texto final com avanços e meta de triplicar o financiamento ambiental

Atualizado em 22 de novembro de 2025 às 19:12
Pavilhão da COP30, em Belém do Pará. Foto: Divulgação

A COP30 encerrou neste sábado, em Belém, com a aprovação do pacote final de decisões após duas semanas de negociações. A sessão chegou a ser interrompida por cerca de uma hora porque delegações como Colômbia, Panamá, Uruguai e Argentina questionaram trechos já “martelados”.

O presidente da conferência, André Corrêa do Lago, suspendeu a plenária para conversar com os países e, ao retornar, afirmou que todas as decisões estavam mantidas. “Consultamos a secretaria, e a secretaria confirma que as decisões foram ‘marteladas’ e são consideradas adotadas. Lamento profundamente não ter sido informado do pedido das partes para falar”, disse.

A Rússia respondeu às reclamações com um discurso duro e afirmou que não entendia os protestos porque, segundo sua delegação, houve chances de diálogo nas últimas 24 horas. Em tom crítico, disse que os países latino-americanos “não devem se comportar como crianças”, o que gerou aplausos e reações imediatas.

A Argentina rebateu afirmando que suas delegações não agiram de forma infantil e que tinham o direito de registrar preocupações sobre o processo. Na primeira parte da plenária, os países aprovaram mais de uma dezena de textos, incluindo o documento “Mutirão Global: Unindo a humanidade em uma mobilização global contra a mudança do clima”.

O texto amplia cooperação, organiza debates e estabelece a meta de triplicar o financiamento para adaptação até 2035, embora não cite diretamente combustíveis fósseis. O movimento foi acompanhado por manifestações divergentes, com aplausos e vaias, incluindo críticas do Vaticano sobre questões de gênero.

Lago declarou que o “mapa do caminho” para reduzir o uso de combustíveis fósseis seguirá como orientação política da presidência da COP30, mesmo sem consenso.

“Eu prometo que vou tentar não desapontar vocês. Nós precisamos de mapas para que possamos ultrapassar a dependência dos fósseis de forma ordenada e justa. Eu vou criar dois mapas: um para reverter desmatamento e fazer transição para longe dos fósseis”, afirmou.

Interior da 1blue zone1 na COP30. Foto: Divulgação

A ideia não integrará o documento final da conferência. As reações continuaram durante a aprovação do acordo final. A Argentina registrou objeção a como os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável foram incluídos.

O Chile disse que procedimentos formais não foram seguidos e pediu registro oficial. O Panamá afirmou estar desapontado com a condução das negociações e disse que não houve clareza financeira no pacote de adaptação. A Colômbia reforçou que “deveria ter sido a COP da adaptação”, mas considerou o resultado distante do necessário.

Entre os pontos aprovados estão o Mutirão, o Programa de Trabalho de Transição Justa, o texto sobre o Balanço Global e a decisão referente ao Artigo 2.1(c), que reforça o alinhamento de fluxos financeiros às metas climáticas.

Também foram adotadas medidas sobre impactos socioeconômicos da transição, além das orientações do Fundo de Perdas e Danos, que deve destravar financiamento direto a países vulneráveis em 2025 e 2026.

A plenária ainda aprovou mudanças no Fundo de Adaptação, elevando o teto de projetos para até 25 milhões de dólares por país e reconhecendo que o financiamento atual é insuficiente para alcançar a meta anual de 300 milhões.

Um dos pontos mais aguardados, o conjunto de indicadores globais de adaptação, também foi validado, criando parâmetros comuns para medir vulnerabilidades e ações de resiliência. As decisões finais foram tomadas após longas madrugadas de negociação.

Segundo dados preliminares do Ministério do Turismo e da Polícia Federal, a COP30 reuniu mais de 42 mil participantes de 195 países na Blue Zone, tornando-se a segunda maior edição da história. Também ficou definido que a Turquia sediará a COP31 em 2026 e a Etiópia receberá a COP32 em 2027.

Seminário Pós-COP:  O Brasil diante das transformações globais 

24 de novembro de 2025  (segunda-feira); sessões às 10:00-12:30 e 19:00-21:30 

FESPSP – Rua General Jardim, Vila Buarque, São Paulo/SP 

Garanta sua vaga: https://poscop.org/ 

Sessão da Manhã (10:00-12:30) 

Aldo Fornazieri (Professor da FESPSP, Cientista Político) – abertura da sessão 

Ricardo Abramovay (Professor Sênior, Instituto de Energia e Ambiente, USP) 

Gabriel Ferraz Aidar (Superintendente de Planejamento e Pesquisa Econômica, BNDES) 

Alexandre Ramos Coelho (Coordenador do MBA em Geopolítica da Transição Energética, FESPSP)

Sessão da Noite 19:00-21:30

Painelistas confirmados:

Aldo Fornazieri (Professor da FESPSP, Cientista Político) – abertura da sessão

Paulo Teixeira (Ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar)  

Luciana Aparecida da Costa (Diretora de Infraestrutura, Transição Energética e Mudança Climática, BNDES)

Juliano Medeiros (Historiador e Professor Convidado da FESPSP) 

Uma parceria DCM + FESPSP para debater o futuro climático do Brasil com rigor acadêmico e compromisso social. https://poscop.org/ 

Guilherme Arandas
Guilherme Arandas, 27 anos, atua como redator no DCM desde 2023. É bacharel em Jornalismo e está cursando pós-graduação em Jornalismo Contemporâneo e Digital. Grande entusiasta de cultura pop, tem uma gata chamada Lilly e frequentemente está estressado pelo Corinthians.