
Aliados de Jair Bolsonaro afirmam que o ex-presidente atravessou um “surto” no momento em que usou um ferro de solda para queimar a tornozeleira eletrônica que monitorava seus movimentos. Pessoas próximas relatam que Bolsonaro disse ter ouvido vozes vindas do equipamento, o que aumentou a preocupação sobre seu estado emocional. Com informações do Estadão.
A versão passou a circular com mais força depois que veio a público o vídeo em que ele admite ter “metido ferro” no dispositivo. Antes da gravação se tornar conhecida, aliados negavam qualquer violação.
Alguns chegaram a tratar o episódio como invenção, apesar de o ministro Alexandre de Moraes ter usado a suspeita de adulteração como um dos fundamentos para decretar a prisão preventiva. Renato Bolsonaro, irmão do ex-presidente, disse que a história não passava de “história da Chapeuzinho Vermelho”.
O líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante, afirmou ao Estadão que a situação revela um estado emocional “totalmente alterado”. Segundo pessoas próximas, o episódio teria sido um surto isolado, sem relação com tentativa de fuga.
Eles argumentam que, se Bolsonaro tivesse intenção de escapar, teria removido o equipamento no momento de sair, e não muitas horas antes. Nas redes sociais, o deputado estadual Lucas Bove reforçou esse argumento ao dizer que não faria sentido danificar o equipamento com tanta antecedência.
“Se você estivesse com uma tornozeleira eletrônica e quisesse fugir em meio a uma vigília, mexeria no computador de monitoramento do equipamento 24h antes do evento ou cortaria rapidamente o aro segundos antes da fuga, com tudo pronto para zarpar?”, escreveu.
Se você estivesse com uma tornozeleira eletrônica e quisesse fugir em meio a uma vigília, mexeria no computador de monitoramento do equipamento 24h antes do evento ou cortaria rapidamente o aro segundos antes da fuga, com tudo pronto para zarpar?
— Lucas Bove (@lucasbovesp) November 22, 2025
A defesa tem evitado detalhar o que ocorreu. O advogado Paulo Bueno afirmou apenas que a tornozeleira teria sido usada para “causar humilhação” ao ex-presidente, sem comentar diretamente as imagens anexadas ao processo.
O relatório enviado ao Supremo pela Secretaria de Administração Penitenciária do Distrito Federal mostra o dispositivo com queimaduras em toda a circunferência.
O documento indica que o sistema detectou a violação às 00h07 do sábado, 22, momento em que a equipe de policiais penais que acompanhava a rotina do ex-presidente foi acionada. O registro também aponta que o alerta ocorreu de forma automática, como previsto no monitoramento do equipamento.
Segundo o relatório, Bolsonaro conversou com uma policial quando a equipe chegou à residência. Nas imagens, ele explica o que fez. “Meti ferro quente aí. Curiosidade. (…) Ferro de solda”, afirmou. O ex-presidente tentou minimizar o dano, dizendo que não havia rompido a pulseira: “Não rompi a pulseira não. Está tranquilo aí”.
URGENTE: STF divulga imagens da tornozeleira eletrônica usada por Jair Bolsonaro com sinais claros de tentativa de rompimento. Nas imagens, uma diretora da Secretaria de Administração Penitenciária do DF faz vistoria no equipamento. pic.twitter.com/81HGdiAPIE
— Renato Souza (@reporterenato) November 22, 2025