PSOL aciona PGR contra Flávio por incitação ao crime após vigília pró-Bolsonaro

Atualizado em 22 de novembro de 2025 às 23:13
Flávio Bolsonaro durante vigília

Deputados federais do PSOL protocolaram neste sábado, 22, uma notícia-crime na Procuradoria-Geral da República contra o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ). O partido acusa o parlamentar de incitação ao crime, obstrução de Justiça, facilitação de fuga, colaboração com organização criminosa e atos contra o Estado democrático de direito. A iniciativa ocorre um dia após a prisão preventiva de Jair Bolsonaro, determinada pelo ministro Alexandre de Moraes.

A representação menciona declarações feitas por Flávio durante uma vigília organizada por apoiadores do ex-presidente em frente ao condomínio onde ele vivia, em Brasília. Em vídeo, o senador convocou seguidores a “lutar pelo seu País”, frase que, segundo o PSOL, sugere mobilização de apoiadores com potencial para tumultuar a atuação da Polícia Federal durante o cumprimento da decisão judicial.

O documento afirma que a convocação poderia representar “tentativa de utilização de apoiadores” para criar condições favoráveis a uma eventual fuga de Bolsonaro. Para o PSOL, o gesto repete o padrão observado em outras situações investigadas pelo STF, nas quais grupos alinhados ao ex-presidente teriam sido mobilizados com objetivos políticos e pessoais de sua defesa.

O partido ressalta que não se trata de questionar o direito à liberdade religiosa, já que Flávio afirmou ter convocado o ato para realizar orações. A legenda argumenta que o problema está na utilização do ato religioso como possível instrumento político em um momento de alta tensão institucional.

Flávio Bolsonaro durante oração

O texto é assinado por Talíria Petrone, Chico Alencar, Glauber Braga, Henrique Vieira, Tarcísio Motta, Erika Hilton, Ivan Valente, Luiza Erundina, Luciene Cavalcante, Sâmia Bomfim, Célia Xakriabá e Fernanda Melchionna. Todos defendem que as condutas do senador devem ser investigadas pela PGR.

A reportagem buscou contato com a assessoria de Flávio Bolsonaro, mas não obteve resposta até a publicação. Pelas redes sociais, o senador afirmou que “oração não é crime” e compartilhou vídeos defendendo sua postura no episódio, além de criticar a prisão preventiva de seu pai.

Mais cedo, Flávio também negou qualquer envolvimento em plano de fuga. Segundo ele, a decisão de Moraes interpretou de forma equivocada a vigília. O senador disse que apenas pediu orações e que não poderia ser responsabilizado por suposta intenção de tumulto ou incentivo à fuga do ex-presidente.

Com a repercussão da prisão, o ambiente político em Brasília permanece polarizado. A PGR ainda não comentou se dará seguimento à notícia-crime apresentada pelo PSOL. Caso avance, o procedimento pode aumentar a pressão sobre Flávio Bolsonaro em meio às investigações que seguem no STF.