Frigobar e TV: Por que cela especial foi escolhida para a prisão de Bolsonaro

Atualizado em 23 de novembro de 2025 às 9:34
Bolsonaro cercado por policiais. Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil

Após a prisão preventiva decretada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi levado para a Superintendência da Polícia Federal em Brasília, onde permanecerá em uma sala de Estado Maior. O espaço, previsto em lei para advogados, magistrados e membros do Ministério Público, pode ser estendido a outras autoridades, como é o caso de ex-presidentes.

Segundo a TV Globo, a sala destinada a Bolsonaro é equipada com mesa, cadeira, cama de solteiro, banheiro privativo, ar-condicionado, janela, televisão, armário e frigobar.

A acomodação segue o padrão de instalações especiais, destinadas a garantir condições adequadas sem o contato direto com a massa carcerária. Caso Bolsonaro permaneça na unidade nos próximos dias, a defesa poderá solicitar autorização para entrada de itens pessoais, como livros, eletroeletrônicos e objetos de uso próprio.

A legislação estabelece que a sala de Estado Maior só é garantida a presos sem condenação definitiva. Isso significa que, quando a sentença de 27 anos e três meses por tentativa de golpe transitar em julgado, Bolsonaro perderá o direito a essa acomodação diferenciada e deverá seguir para o regime fechado em estabelecimento prisional comum, como prevê a pena superior a oito anos.

A Sala de Estado Maior está prevista no artigo 7º, inciso V, da Lei 8.906, que trata das prerrogativas da advocacia, e deve oferecer “instalações e comodidades condignas”. O advogado Amaury Andrade explica que o objetivo é evitar que autoridades com funções institucionais relevantes sejam recolhidas junto ao público geral.

O Código de Processo Penal também garante a chamada “prisão especial”, prevista no artigo 295, que assegura local distinto para autoridades civis e militares. Entre os beneficiados estão ministros de Estado, governadores, parlamentares, oficiais das Forças Armadas e magistrados. Juristas afirmam que ex-presidentes se enquadram por analogia, já que foram comandantes em chefe das Forças Armadas.

A prisão preventiva de Bolsonaro foi determinada após o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) convocar uma vigília em frente ao condomínio do pai, ato que Alexandre de Moraes considerou risco à ordem pública. O ministro afirmou na decisão que a convocação “indica a possível tentativa de utilização de apoiadores” para “obstruir a fiscalização das medidas cautelares e da prisão domiciliar”.

Outro ponto citado por Moraes foi a violação da tornozeleira eletrônica, registrada pelo Centro de Integração de Monitoramento Integrada do Distrito Federal às 0h08 deste sábado (22). A decisão não detalhou a extensão da violação, mas considerou o episódio como indício de eventual tentativa de fuga.

Augusto de Sousa
Augusto de Sousa, 31 anos. É formado em jornalismo e atua como repórter do DCM desde de 2023. Andreense, apaixonado por futebol, frequentador assíduo de estádios e tem sempre um trocadilho de qualidade duvidosa na ponta da língua.