Como a base de Lula no Congresso reagiu à prisão de Bolsonaro

Atualizado em 23 de novembro de 2025 às 11:14
Jair Bolsonaro em prisão domiciliar
Jair Bolsonaro em prisão domiciliar – Reprodução

A prisão preventiva de Jair Bolsonaro (PL), decretada no último sábado (22) pelo ministro Alexandre de Moraes, provocou reação imediata entre integrantes do governo Lula (PT) e aliados no Congresso. Para governistas, o episódio desgasta ainda mais a imagem do ex-presidente e fortalece a narrativa de que ele tentou fugir após violar a tornozeleira eletrônica. Eles também avaliam possíveis efeitos no Parlamento, onde a oposição já ameaça obstruir votações e intensificar pressões políticas.

Bolsonaro foi preso pela Polícia Federal e levado à Superintendência da PF em Brasília. Moraes justificou a medida com base na violação registrada às 0h08 no equipamento de monitoramento, no risco de fuga para a embaixada dos Estados Unidos e na convocação de uma vigília organizada por Flávio Bolsonaro (PL-RJ), que segundo o ministro poderia servir para obstruir fiscalizações e facilitar eventual evasão.

A divulgação do vídeo em que Bolsonaro admite ter utilizado “ferro quente” para tentar abrir o equipamento reforçou o discurso de governistas, que passaram a defender publicamente a legalidade da prisão e a contestar críticas de opositores. Segundo a Folha, governistas avaliam que a gravação desmonta a tese de “exagero” na decisão do ministro.

Lindbergh Farias (PT-RJ), líder do partido na Câmara, afirmou à Folha que o vídeo “desmoraliza” qualquer argumento contrário à prisão. “Inacreditável, o vídeo desmoraliza qualquer argumento dos que criticaram a prisão, falando em exagero do ministro Alexandre de Moraes. Ele confessa tudo, é uma tentativa de fuga”, disse.

Para o ministro Guilherme Boulos (Secretaria-Geral da Presidência), a peça confirma a gravidade das ações do ex-presidente. “Alguém ainda acha que ele não iria tentar fugir? Que a prisão foi ‘sem motivo”?”, escreveu nas redes sociais.

Apesar disso, governistas admitem que a medida pode ter efeitos imediatos no Congresso. A oposição sinaliza que poderá paralisar votações, repetindo movimentos já adotados anteriormente.

Em agosto, parlamentares bolsonaristas ocuparam a Mesa Diretora por 30 horas em reação à prisão domiciliar do ex-presidente. O líder do PL, Sóstenes Cavalcante (RJ), afirmou que já iniciou a mobilização para obstrução, embora não tenha dito se haverá nova ocupação.

A prisão também reacende pressões sobre o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), para acelerar a discussão do projeto sobre a dosimetria das penas. O relator, Paulinho da Força (Solidariedade-SP), declarou que a prisão “facilita a negociação da dosimetria”, embora negue intenção de conceder perdão amplo. Para governistas, avançar nessa pauta neste momento seria confrontar diretamente o STF e o Planalto, que rejeitam a apreciação do texto.

Aliados de Lula avaliam que o momento exige uma reação política mais firme contra o bolsonarismo e defesa pública das instituições democráticas.

Dizem ainda que as “contradições” do grupo de Bolsonaro tendem a se tornar mais evidentes a partir do episódio e devem ser exploradas pelo Executivo. Eles também acreditam que a prisão pode alterar a dinâmica do debate nacional, diminuindo o foco em temas como segurança pública, que vinham causando desgaste ao governo.

Augusto de Sousa
Augusto de Sousa, 31 anos. É formado em jornalismo e atua como repórter do DCM desde de 2023. Andreense, apaixonado por futebol, frequentador assíduo de estádios e tem sempre um trocadilho de qualidade duvidosa na ponta da língua.