VÍDEO: Nikolas desrespeita STF e usa celular na casa de Bolsonaro antes da prisão

Atualizado em 23 de novembro de 2025 às 12:07
Nikolas usando celular durante visita a Bolsonaro. Foto: reprodução

Imagens exibidas pelo “Jornal Nacional”, da TV Globo, mostram que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), preso no último sábado (22), recebeu o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), que desrespeitou as regras da visita poucas horas antes de tentar violar a tornozeleira eletrônica usada para monitorá-lo.

As gravações mostram que o parlamentar utilizou o celular na área externa da residência, contrariando decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que havia proibido o uso de aparelhos de comunicação por visitantes do ex-presidente durante a prisão domiciliar.

Nas imagens, é possível ver Bolsonaro e o deputado conversando na área externa da casa na sexta-feira (21). Durante o diálogo, Nikolas usa tranquilamente o seu celular.

Vale lembrar que o parlamentar, com seu celular, também foi fundamental para a determinação de prisão domiciliar do ex-presidente em agosto. Na ocasião, durante um ato da extrema-direita, Nikolas fez uma videochamada com Bolsonaro, em um claro objetivo de coagir o Judiciário e obstruir a Justiça, segundo o ministro.

A visita ocorreu antes da violação da tornozeleira, detectada pelo sistema de monitoramento às 00h07 do sábado. O equipamento acionou imediatamente a equipe de policiais penais responsáveis pela escolta do ex-presidente no condomínio onde ele cumpria prisão domiciliar.

O relatório da Secretaria de Administração Penitenciária do Distrito Federal confirma o dano ao equipamento. A policial penal Rita Gaio relatou que, ao verificar a tornozeleira, encontrou “sinais claros e importantes de avaria” e “marcas de queimadura em toda sua circunferência, no local de encaixe/fechamento do case”.

Ao ser questionado sobre o que havia ocorrido, Bolsonaro admitiu: “meti ferro quente aí (no case da tornozeleira). Curiosidade. (…) Ferro de solda”. Ele acrescentou: “não rompi a pulseira, não. Está tranquilo aí”.

O relatório também registra que a informação inicial passada pela equipe de escolta era de que o ex-presidente teria batido o dispositivo na escada, hipótese descartada pela análise técnica. A tornozeleira danificada foi substituída por outro equipamento, e o dispositivo avariado foi encaminhado para perícia.

Outra parte crucial da investigação envolve o contexto político do episódio. De acordo com o STF, o ex-presidente tentava fugir durante a confusão provocada pela vigília convocada por Flávio Bolsonaro (PL-RJ), marcada para este sábado em frente ao condomínio onde o pai vivia.

Moraes afirmou que a convocação indicava a possível utilização de apoiadores para obstruir as medidas de fiscalização impostas pela prisão domiciliar.

Bolsonaro foi preso preventivamente após Moraes apontar “elevado risco de fuga” e registrar que, às 00h08, houve tentativa de rompimento deliberado da tornozeleira. Na decisão, o ministro escreveu: “A informação constata a intenção do condenado de romper a tornozeleira eletrônica para garantir êxito em sua fuga, facilitada pela confusão causada pela manifestação convocada por seu filho”.

O ministro também mencionou que a estratégia era compatível com o “modus operandi da organização criminosa liderada pelo referido réu”, que, segundo a decisão, historicamente se apoia em mobilizações populares para pressionar instituições e buscar vantagens pessoais.

A vigília convocada por Flávio Bolsonaro foi apresentada como um ato religioso pela “saúde” do ex-presidente e pela “liberdade do Brasil”, mas foi interpretada pela PF e pelo Supremo como um risco à ordem pública.

Augusto de Sousa
Augusto de Sousa, 31 anos. É formado em jornalismo e atua como repórter do DCM desde de 2023. Andreense, apaixonado por futebol, frequentador assíduo de estádios e tem sempre um trocadilho de qualidade duvidosa na ponta da língua.