Carbono Oculto: delações de “Beto Louco” e “Primo” ligam esquema do PCC a agentes públicos e ao caso Master

Atualizado em 23 de novembro de 2025 às 16:49
Mohamad Hussein Mourad, o Primo, e Roberto Leme, o Beto Louco. Fotomontagem: Reprodução

As investigações da Operação Carbono Oculto avançaram nesta semana e revelaram novas colaborações decisivas. Roberto da Silva, conhecido como “Beto Louco”, e Mohamad Mourad, o “Primo”, dois dos principais alvos da operação, decidiram cooperar com as autoridades a partir de delações e negociações formais. As informações são da coluna de Lauro Jardim, do O Globo.

As revelações ocorreram após movimentos concentrados no Norte e no Nordeste, onde a operação mira a atuação do PCC no mercado de combustíveis. As informações fornecidas pelos investigados já repercutem na cúpula política em Brasília e em setores estratégicos de São Paulo.

De acordo com relatos preliminares, “Beto Louco” firmou acordo de delação premiada e começou a detalhar o funcionamento da rede criminosa. Mohamad Mourad, por sua vez, está em processo de negociação para aderir ao mesmo formato de colaboração.

Viaturas da PF na Operação Carbono Oculto na Avenida Faria Lima, em São Paulo. Foto: Werther Santana/Estadão

A Carbono Oculto apura o envolvimento da facção na cadeia de combustíveis por meio de empresas e instituições financeiras que teriam facilitado transações suspeitas. Os depoimentos indicam que figuras políticas de peso, em diferentes esferas, surgem vinculadas ao esquema.

As informações colhidas até agora reforçam a suspeita de que o caso pode extrapolar o crime organizado e alcançar articulações com agentes públicos. Investigadores veem sinais de que a estrutura operava com ramificações que vão além da área econômica.

Nos bastidores do governo Lula, a avaliação é de que a Carbono Oculto apresenta pontos de conexão com o caso Master – a Operação Compliance Zero – outro processo que envolve suspeitas de irregularidades financeiras. A possibilidade de que ambos tenham elementos comuns já é tratada como hipótese concreta, e o cruzamento de informações pode abrir uma nova etapa nas apurações.

Com as delações em andamento, a expectativa é de que novas frentes se abram nos próximos dias, ampliando o alcance da investigação e trazendo esclarecimentos sobre a participação de operadores políticos e financeiros.

Lindiane Seno
Lindiane é advogada, redatora e produtora de lives no DCM TV.