
A equipe médica de Jair Bolsonaro afirmou que o ex-presidente apresentou um quadro de confusão mental e alucinações na noite em que tentou mexer na tornozeleira eletrônica. O episódio ocorreu em 21 de novembro e, segundo os médicos Cláudio Birolini e Leandro Echenique, teria sido provocado por interação medicamentosa envolvendo Pregabalina, remédio receitado por outra profissional sem conhecimento da equipe principal.
O boletim médico entregue à defesa indica que o medicamento foi suspenso imediatamente após o episódio. Eles afirmaram também que Bolsonaro está clinicamente estável e não apresenta sintomas residuais. O ex-presidente relatou durante a audiência de custódia que viveu um momento de paranoia, o que contribuiu para a decretação da sua prisão preventiva.
A visita dos médicos aconteceu na manhã deste domingo na Superintendência da Polícia Federal em Brasília, onde Bolsonaro permanece preso por decisão do ministro Alexandre de Moraes. A PF confirmou que ele está sob monitoramento contínuo, após a avaliação de risco de fuga apresentada pelo STF.

O boletim detalha que a Pregabalina possui interação importante com remédios que Bolsonaro já utiliza para tratar crises de soluços, como Clorpromazina e Gabapentina. Entre os efeitos adversos reconhecidos estão desorientação, sedação, transtornos cognitivos e alucinações — características compatíveis com o comportamento relatado no dia da violação da tornozeleira.
A endocrinologista Marina Pasolini, apontada como responsável pela prescrição da Pregabalina, esteve na Superintendência da PF neste domingo. A médica, que atua em Brasília desde 2019 e é especializada em emagrecimento e obesidade, não respondeu a perguntas dos jornalistas e deixou o local sem dar declarações. Ela havia sido autorizada por Moraes a integrar a equipe médica em outubro.
Desde o início do ano, Bolsonaro vinha sendo acompanhado por Birolini e Echenique, que coordenam seu tratamento após episódios recorrentes de soluços. São eles que assinam o relatório enviado ao STF pedindo a manutenção da prisão domiciliar no caso da investigação sobre a trama golpista — pedido que antecedeu a prisão preventiva decretada neste sábado.
A mudança de rotina médica, somada ao uso de medicamentos complementares, ocorreu em meio ao agravamento dos sintomas apresentados pelo ex-presidente. A defesa argumentou que o quadro clínico justificaria cuidados especiais, mas Moraes entendeu que a tentativa de mexer na tornozeleira eletrônica configurava risco concreto à ordem pública.