Gastos de Eduardo na Câmara, sem trabalhar nos EUA, passam de R$ 1 milhão; entenda

Atualizado em 24 de novembro de 2025 às 7:11
Eduardo Bolsonaro em evento conservador nos EUA. Foto: Bloomberg

A permanência de Eduardo Bolsonaro (PL-SP) nos Estados Unidos desde fevereiro não impediu que seu gabinete na Câmara dos Deputados continuasse consumindo quase a totalidade da verba destinada ao pagamento de servidores. Desde que o deputado deixou o país, em 27 de fevereiro, os salários custaram cerca de R$ 1 milhão, segundo registros oficiais da Casa.

Mensalmente, segundo levantamento feito pelo Metrópoles, o gabinete vem utilizando pouco mais de R$ 132 mil, praticamente todo o limite de R$ 133 mil autorizado.

O núcleo de funcionários conta atualmente com nove servidores, cujos vencimentos variam entre R$ 7,5 mil e R$ 23,7 mil. O mais bem remunerado é Eduardo Nonato de Oliveira, considerado homem de confiança do parlamentar.

Outro nome de peso é o ex-agente da Abin, Telmo Broetto, ex-assessor de Jair Bolsonaro, que atua como secretário parlamentar. O filho dele, o veterinário Bernardo Broetto, também foi contratado na mesma função.

Enquanto o gabinete seguia funcionando, Eduardo permanecia nos Estados Unidos articulando iniciativas com o governo estadunidense contra ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e contra o governo brasileiro. Em 20 de março, o deputado pediu 120 dias de licença, período em que recebeu R$ 46 mil. Após o fim da licença não remunerada, em julho, voltou a receber salário integral, somando R$ 17 mil naquele mês.

A ausência prolongada rendeu consequências. Em agosto, Eduardo foi notificado por um débito de R$ 13,9 mil relativo a faltas não justificadas em votações. A Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) incluiu o nome do deputado na Dívida Ativa da União após solicitação da Câmara.

Eduardo Bolsonaro com o sheikh Khaled bin Hamad Al-Khalifa, da família real do Bahrein. Foto: reprodução

Até agora, ele acumula 46 ausências injustificadas e, se atingir um terço das sessões sem justificativa, pode ser cassado. O PL tentou nomeá-lo líder da minoria, o que impediria o registro das faltas, mas o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), rejeitou o pedido após a manifestações nas ruas que também pediram o fim da PEC da Bandidagem.

Apesar do gabinete em funcionamento, a produtividade legislativa é mínima. Eduardo registrou apenas 11 votações nominais em 2024 e um discurso no plenário. Entre suas raras manifestações formais, enviou em setembro um requerimento alegando dificuldades para acessar o sistema InfoLeg nas sessões semipresenciais.

“Por algum motivo que ainda não foi esclarecido pela Presidência da Câmara dos Deputados, pela Secretaria-Geral da Mesa e pela Diretoria de Tecnologia, não tenho conseguido completar esta operação”, escreveu.

Ao mesmo tempo, segue altamente ativo nas redes sociais. Na quinta-feira (20/11), afirmou que a redução parcial das tarifas impostas pelos Estados Unidos a produtos brasileiros não teria relação com a diplomacia brasileira, e sim com questões internas da gestão Donald Trump. Segundo ele, o recuo atende exclusivamente a interesses domésticos diante da inflação estadunidense.

Durante sua licença, o suplente Missionário José Olímpio (PL) assumiu a vaga, mas também teve atuação discreta. Dois servidores chegaram a ser registrados em seu gabinete — entre eles, Eduardo Nonato de Oliveira, que voltou ao gabinete original após o retorno do parlamentar.

Augusto de Sousa
Augusto de Sousa, 31 anos. É formado em jornalismo e atua como repórter do DCM desde de 2023. Andreense, apaixonado por futebol, frequentador assíduo de estádios e tem sempre um trocadilho de qualidade duvidosa na ponta da língua.