
A ameaça do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), de conduzir à rejeição de Jorge Messias no Supremo Tribunal Federal (STF) já movimenta a Casa e acende o alerta no governo, conforme informações da colunista Malu Gaspar, do Globo.
Alcolumbre estuda acelerar a indicação e levá-la ao plenário antes do recesso de 23 de dezembro, numa estratégia para impedir que Messias ganhe tempo para articular apoios entre líderes evangélicos, integrantes do governo e ministros do Supremo.
Segundo aliados, o objetivo é claro: votar rapidamente para evitar que Messias consiga reverter a resistência ao seu nome. Para ser aprovado, o advogado-geral da União precisa de 41 votos — algo que não ocorre desde 1894, quando um indicado ao STF foi rejeitado pela última vez.
Uma fonte resume o clima: “O governo Lula viu que a coisa ficou feia e quer baixar a temperatura. Já o Davi quer manter a fervura e votar este ano”.
Alcolumbre não quer repetir o que considera seu erro na indicação de André Mendonça, em 2021. Na ocasião, segurou a sabatina por quatro meses, tempo suficiente para Mendonça mobilizar apoiadores e garantir os votos necessários.
Resistência ao nome de Messias
Nos bastidores, Alcolumbre trabalha contra a indicação. O amapaense preferia o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Interlocutores afirmam que ele pode mudar de posição caso a sabatina fique para 2026 — prática atribuída ao senador de criar dificuldades “para vender facilidades”. Estimativas apontam que Messias teria hoje entre 28 e 31 votos a favor, abaixo dos 41 necessários.

O resultado apertado da recondução do procurador-geral Paulo Gonet — 45 votos favoráveis — reforçou o alerta no Planalto. Entre aliados de Alcolumbre, a leitura é que o recado do Senado foi claro: o caminho de Messias será turbulento.
Reações de Messias e do governo
Em gesto público, Messias divulgou nota a Alcolumbre afirmando que juntos podem “aprofundar o diálogo” e “encontrar soluções institucionais que promovam a valorização da política”. Alcolumbre respondeu apenas de forma protocolar, dizendo que o Senado conduzirá a sabatina “no momento oportuno”.
O líder do governo, Jaques Wagner, reconheceu a disputa, mas disse que trabalhará pela aprovação: “Eu não vou dizer ‘vai ser aprovado, não vai ser aprovado’. Eu vou trabalhar para ele ser aprovado, até porque a exceção é lá do comecinho da República”.