
A expectativa em torno do destino imediato de Jair Bolsonaro (PL), preso preventivamente desde sábado (22), tem levado aliados do ex-presidente a recorrer a um paralelo direto com o caso do presidente Lula (PT). Assim como o atual presidente, que ficou 580 dias detido na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, bolsonaristas avaliam que Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), pode optar por mantê-lo na sede da PF em Brasília, evitando uma transferência para um presídio comum.
Nos bastidores, segundo a Folha de S.Paulo, essa comparação tem sido usada como argumento político e jurídico, com a avaliação de que uma decisão diferente poderia produzir desgaste público para o Supremo.
O temor central do entorno de Bolsonaro é a possibilidade de que Moraes determine o início do cumprimento da pena em regime fechado na Penitenciária da Papuda.
A apreensão aumentou após a chefe de gabinete do ministro visitar o local recentemente, o que aliados interpretam como um movimento preparatório para uma eventual transferência. Mesmo assim, a percepção unificada é de que qualquer decisão de Moraes é imprevisível, sobretudo na reta final do processo da trama golpista.
A defesa tem reforçado, desde antes da prisão preventiva, que o quadro de saúde de Bolsonaro está fragilizado e incompatível com o encarceramento em presídio. Segundo advogados, o risco à vida justificaria seu retorno à prisão domiciliar.

Para aliados mais próximos, um segundo cenário possível, embora considerado improvável, seria o envio do ex-presidente para instalações militares. Diante desse diagnóstico, a permanência na superintendência da PF tornou-se a melhor alternativa.
O espaço ocupado por Bolsonaro é classificado como sala de Estado-Maior, estrutura prevista em lei para autoridades, advogados e magistrados.
Ele permanece em um quarto de 12 metros quadrados equipado com televisão, ar-condicionado, escrivaninha, cama de solteiro e banheiro privativo, sem contato com outros detentos. A acomodação, porém, ainda é considerada provisória. No início, não havia atendimento médico, o que foi posteriormente determinado por Moraes. Médicos de Bolsonaro também expressaram preocupação com a falta de área para exercícios físicos, algo que a defesa pode solicitar em nova petição.
A alimentação está sendo fornecida pela ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, entregue diariamente por auxiliares em embalagens transparentes, seguindo as regras da PF.
Moraes autorizou visitas de familiares, advogados e médicos sem necessidade de requisição prévia, o que permitiu que Michelle ficasse com o marido por meia hora no domingo (23). Nesta terça (25), estão previstas visitas de Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e Jair Renan (PL). O cunhado de Bolsonaro, Eduardo Torres, pré-candidato a deputado federal, também esteve no local com itens pessoais e remédios.
A prisão preventiva foi decretada após Bolsonaro confessar ter tentado abrir a tornozeleira eletrônica. A PF também citou risco de fuga e a convocação de uma vigília religiosa por Flávio Bolsonaro, que poderia tumultuar a fiscalização da prisão domiciliar. Desde agosto, o ex-presidente cumpria medidas restritivas por suspeita de tentar atrapalhar as investigações.