Tarcísio buscou o STF no dia da prisão de Bolsonaro e vai pedir para visitá-lo

Atualizado em 25 de novembro de 2025 às 13:58
Jair Bolsonaro ao lado do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas. Foto: Divulgação

No mesmo sábado em que Jair Bolsonaro teve a prisão preventiva decretada, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, buscou interlocução direta com o Supremo Tribunal Federal. Segundo informações divulgadas por Lauro Jardim, do jornal O Globo, ele manteve ao menos uma conversa com o ministro Gilmar Mendes.

A iniciativa ocorreu enquanto aliados tentavam reverter os efeitos da decisão de Alexandre de Moraes. Tarcísio argumentou que Bolsonaro não pretendia fugir e defendeu que o ex-presidente retornasse ao regime de prisão domiciliar.

O movimento ocorreu horas depois de os detalhes sobre a violação da tornozeleira eletrônica começarem a circular. De acordo com aliados, o governador pretende visitar Bolsonaro nas próximas semanas, já no regime fechado.

Antes da prisão preventiva, uma visita de Tarcísio estava autorizada para 10 de dezembro, na casa do ex-presidente, onde ele cumpria prisão domiciliar. Com a nova ordem judicial, todos os encontros previstos com políticos e amigos foram suspensos.

Tarcísio agora pretende solicitar oficialmente sua inclusão no rol de visitantes da Superintendência da Polícia Federal em Brasília. Pessoas próximas afirmam que, além do debate sobre o estado de saúde de Bolsonaro, a eleição de 2026 deve aparecer na conversa.

O plano, porém, não incluiria tratar diretamente de seus próprios projetos eleitorais. O entorno do governador avalia que a disputa presidencial ainda não tem definição e que Tarcísio seguirá repetindo publicamente que é candidato à reeleição em São Paulo.

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas. Foto: Divulgação

A estratégia já dura três meses e atende a dois fatores citados por assessores: a prisão de Bolsonaro é recente e o chamado “fator filhos” pode gerar tensões internas na direita. A avaliação é que qualquer movimento antecipado poderia desalinhá-lo de um eleitorado ainda fortemente vinculado ao ex-presidente.

Deputados aliados na Assembleia Legislativa de São Paulo afirmam que o governador continuará operando com os “pés nas duas canoas”. Tarcísio monitora pesquisas nacionais diariamente, mas reconhece que depende do aval de Bolsonaro para concorrer ao Planalto. Por isso, manter o foco na reeleição em São Paulo é visto como “menos custoso”, diante do cenário instável.

Enquanto o Palácio dos Bandeirantes traçava estratégias, aliados de Bolsonaro se mobilizavam em Brasília. Na manhã de sábado, antes da divulgação do laudo sobre a tornozeleira eletrônica, esses interlocutores procuraram ministros do STF para tentar acalmar o clima.

Os aliados negaram risco de fuga e atribuíram o episódio a um “surto provocado pelo uso intenso de medicamentos”. Também afirmaram que Bolsonaro estaria isolado e sem acompanhamento adequado em casa. Um dos ministros consultados classificou a situação como “bizarra”.

Na segunda-feira (24), em São Paulo, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, comentou o caso durante evento do Grupo Voto. Ele afirmou que Bolsonaro teria agido em “uma situação extrema” ao tentar romper a tornozeleira com um ferro de solda, acrescentando que o ex-presidente seria alvo de perseguição política.

“Vejo aquilo como uma situação extrema ali pelo que ele está vivendo. Mas que, hora alguma, e nós temos que deixar claro isso, ele tentou fugir. Até me parece um excesso. Você está em prisão domiciliar com pessoas vigiando a sua casa e ainda tem de colocar uma tornozeleira eletrônica”, disse Zema.

Antes da violação do equipamento, a expectativa entre aliados era a de que Moraes decidiria entre segunda e quinta-feira sobre o início do cumprimento da pena de 27 anos e três meses, imposta pelo STF pelos atos golpistas após a derrota eleitoral de 2022. A avaliação era de que a execução da pena seria decretada ainda nesta semana.

Guilherme Arandas
Guilherme Arandas, 27 anos, atua como redator no DCM desde 2023. É bacharel em Jornalismo e está cursando pós-graduação em Jornalismo Contemporâneo e Digital. Grande entusiasta de cultura pop, tem uma gata chamada Lilly e frequentemente está estressado pelo Corinthians.