“Trump não salvou seu aliado”: a repercussão internacional da prisão de Bolsonaro

Atualizado em 25 de novembro de 2025 às 18:41
O ex-presidente Jair Bolsonaro na Superintendência da Polícia Federal. Foto: Reprodução/CNN Brasil

A imprensa internacional repercutiu o início do cumprimento da pena de Jair Bolsonaro, condenado por tentativa de golpe de Estado. Entre os destaques está a frase publicada pelo jornal espanhol “El País”: “A formidável pressão de Donald Trump não conseguiu salvar seu aliado nem impedir que ele prestasse contas”. O veículo relacionou a atuação do ex-presidente dos Estados Unidos ao desfecho do caso.

O “El País”, descreveu que Bolsonaro continuará cumprindo a condenação na sede da Polícia Federal em Brasília, em regime semelhante ao adotado com Lula em 2018. O jornal registrou que, segundo a acusação, o golpe pretendia abolir o Estado de Direito, impedir a posse de Lula e atingir autoridades, entre elas o próprio Moraes.

O “The Guardian” relatou que o ex-mandatário foi enviado para um quarto de 12 metros quadrados em uma base da Polícia Federal em Brasília, após a Corte considerá-lo culpado de liderar um plano para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva, que incluía um projeto de assassinato de Lula e de Geraldo Alckmin.

O jornal britânico também informou que generais próximos a Bolsonaro, como Paulo Sérgio Nogueira, Augusto Heleno, Almir Garnier e Walter Braga Netto, receberam penas que variam de 19 a 26 anos, cumpridas em instalações militares. O texto menciona ainda o ex-ministro da Justiça Anderson Torres, destinado a unidade prisional especial, e o ex-chefe da Abin, Alexandre Ramagem, condenado a 16 anos e apontado como foragido nos Estados Unidos.

O “New York Times” noticiou que a Suprema Corte rejeitou o recurso inicial da defesa e determinou o início da execução da pena em unidade da Polícia Federal. O diário norte-americano lembrou que Bolsonaro foi preso preventivamente depois de admitir que usou um ferro de solda na tornozeleira eletrônica enquanto estava em prisão domiciliar, o que levantou suspeitas de tentativa de fuga. O jornal destacou que a condenação se baseou em provas de uma conspiração para anular o resultado das eleições de 2022 e assassinar Lula e um ministro do STF.

Noticia do New York Times. Foto: Reprodução

Na Argentina, o “Clarín” informou que a Primeira Turma do STF declarou a sentença definitiva depois que a defesa de Bolsonaro renunciou a novos recursos. O jornal ressaltou que o ex-presidente já estava em prisão domiciliar por descumprir medidas cautelares e tentar danificar a tornozeleira, e que a Corte decidiu que ele seguirá em uma sala de 12 metros quadrados na sede da Polícia Federal. A publicação também citou as penas impostas a Ramagem e a Anderson Torres, além do histórico de problemas de saúde apresentados pela defesa.

O francês “Le Monde” noticiou que o STF considerou esgotadas as possibilidades de apelação e consolidou a pena de 27 anos por plano de golpe e tentativa de impedir a posse de Lula. O veículo lembrou que Bolsonaro vinha sendo monitorado por tornozeleira, que o episódio com o ferro de solda levou à detenção na própria PF em Brasília e que Moraes mencionou a proximidade da embaixada dos Estados Unidos ao analisar risco de fuga.

Já a agência Reuters registrou em despacho que o ministro determinou o encarceramento de Bolsonaro na PF após o dano ao equipamento eletrônico e que o caso ainda será apreciado pelo colegiado de quatro ministros do STF responsável pelo processo.