Heleno diz ter Alzheimer desde 2018 após ser preso pela trama golpista

Atualizado em 26 de novembro de 2025 às 12:45
Augusto Heleno durante interrogatório na Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal. Foto: Foto: Ton Molina/STF

O general Augusto Heleno (78) disse ao Exército que sofre de Alzheimer desde 2018. A declaração foi feita por ele próprio durante o exame médico realizado nesta terça (25) no Comando Militar do Planalto (CMP), em Brasília, onde passou a cumprir a pena de 21 anos de prisão pela participação na trama golpista.

O diagnóstico consta no registro oficial do atendimento. Segundo o documento, Heleno relatou perda de memória recente e outros problemas de saúde. “Refere ser portador de Demência de Alzheimer em evolução desde 2018, com perda de memória recente importante, prisão de ventre e hipertensão, em tratamento medicamentoso”, diz o relatório.

O exame serviu para avaliar seu estado geral antes da custódia, registrando eventuais doenças preexistentes. O Alzheimer é uma forma de demência que provoca deterioração progressiva da memória e do raciocínio. A doença afeta áreas específicas do cérebro e compromete tarefas simples do cotidiano, com sintomas que começam leves e evoluem ao longo dos anos.

Apesar das condições mencionadas, a médica responsável afirmou que Heleno estava “em bom estado geral, alerta e com sinais vitais regulares”. No laudo, ela descreveu o general como “indivíduo idoso, com aparência condizente com a idade biológica, colaborativo e com estado emocional estável”. Na consulta, ele se queixou apenas de dores nas costas.

Por estar no topo da carreira militar, Heleno deve cumprir pena em instalações comandadas por oficiais de quatro estrelas, como o Comando Militar do Planalto. O prédio fica em área militar próxima à Praça dos Cristais e ao Quartel-General do Exército, em Brasília. A estrutura foi considerada adequada para receber o militar condenado.

Augusto Heleno, então ministro-chefe do GSI, e Jair Bolsonaro, então presidente, em 2018. Foto: Pedro Ladeira/Folhapress

Heleno chefiou o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) entre 2019 e 2022 e foi condenado ao lado de Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado e outros quatro crimes. As investigações apontaram sua atuação em reuniões no Palácio do Planalto destinadas a buscar apoio institucional para medidas de ruptura, sem qualquer indício de irregularidade real no processo eleitoral.

Na terça, o ministro Alexandre de Moraes decretou o trânsito em julgado da ação, encerrando possibilidade de recurso e determinando o início imediato do cumprimento das penas. O caso também envolve o uso do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) e da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) durante o governo Bolsonaro.

A agência de inteligência, à época dirigida por Alexandre Ramagem, criou uma estrutura paralela de espionagem contra adversários políticos do então presidente.

Caique Lima
Caique Lima, 27. Jornalista do DCM desde 2019 e amante de futebol.