Messias corre contra o tempo após armadilha de Alcolumbre; entenda

Atualizado em 27 de novembro de 2025 às 8:16
O advogado-geral da União, Jorge Messias, visita senadores após ser indicado pelo presidente Lula à vaga de Barroso no STF. Foto: Brenno Carvalho / Agência O Globo

A decisão do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), de marcar a sabatina de Jorge Messias para 10 de dezembro deixou o advogado-geral da União com menos de duas semanas para conversar com os 81 senadores e tentar garantir os 41 votos necessários para sua aprovação ao Supremo Tribunal Federal (STF). Com informações do Globo.

Entre aliados do presidente Lula (PT), o calendário é visto como uma armadilha que reduz drasticamente o tempo de articulação e expõe o governo a um cenário considerado “dramático”.

A indicação de Messias foi feita no dia 20, mas a data da sabatina foi definida antes mesmo de o Palácio do Planalto enviar ao Congresso a mensagem oficial — etapa que inicia formalmente o processo.

O gesto de Alcolumbre acendeu o alerta no Planalto, especialmente porque o presidente do Senado defendia Rodrigo Pacheco (PSD-MG) para a vaga na Corte e ficou contrariado com a escolha de Lula.

Corrida contra o tempo no Senado

Messias já circulou pelo Senado pedindo apoio, reuniu-se com parlamentares como Eduardo Braga, Sergio Petecão, Confúcio Moura, Lucas Barreto, Otto Alencar e Eliziane Gama, mas avalia-se que somente a articulação tradicional do governo não será suficiente. Por isso, aliados defendem que Lula entre diretamente nas conversas para tentar reverter o clima de resistência entre senadores.

O presidente da Comissão de Constituição e Justiça, Otto Alencar (PSD-BA), admitiu que a sabatina pode ser adiada caso a mensagem formal do Planalto demore a chegar. “Enquanto [a mensagem] não chegar ao Senado, corre o risco de a sabatina ser adiada. Mas, por enquanto, valem as datas marcadas”, afirmou.

Messias disse não estar preocupado com a demora: “Isso tem que ver com o Planalto”. Ele também afirmou que ainda não foi atendido por Alcolumbre, mas espera que a conversa ocorra “no momento certo”: “Gosto muito do presidente Alcolumbre, estou tentando falar com ele, no momento certo ele vai me atender”.

Nos bastidores, admite-se que a relação entre Messias e Alcolumbre foi abalada pela escolha de Lula para o STF. O ambiente no Senado também é descrito como hostil ao governo, o que torna o corpo a corpo mais difícil.

Pessoas próximas ao AGU classificam o cronograma como “dramático” e avaliam que o curto prazo limita a capacidade do indicado de construir apoios num momento de mau humor da Casa com o Planalto.

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP). Foto: Reprodução