
A crescente resistência de Eduardo Bolsonaro (PL-SP) à candidatura presidencial de Tarcísio de Freitas (Republicanos) tem origem em um rompimento político considerado definitivo pelo entorno do deputado, conforme informações da Gazeta do Povo.
Aliados afirmam que a ascensão de Tarcísio como principal nome da direita para 2026, somada à inelegibilidade de Jair Bolsonaro (PL), acentuou a ruptura e alimentou o sentimento de que o governador paulista “traiu” o grupo bolsonarista ao adotar posturas vistas como “convenientes ao sistema”.
Segundo um assessor próximo a Eduardo, o distanciamento não é recente — e hoje não há mais relação institucional ou política entre ambos. Apesar do apoio dos bolsonaristas à campanha de Tarcísio em São Paulo, o grupo diz não ocupar cargos relevantes no governo estadual e afirma que Eduardo “nunca mais pisou” no Palácio dos Bandeirantes.
Conflitos por indicações e sensação de isolamento político
Entre os pontos que fortaleceram a ruptura está a tentativa frustrada de Eduardo Bolsonaro de indicar o chefe da Secretaria de Cultura do governo paulista. Ele apresentou nomes de perfil conservador, semelhantes ao de Mário Frias, mas não foi atendido. Para o grupo, isso simboliza o movimento de afastamento de Tarcísio em relação ao bolsonarismo.
A sensação de isolamento também se estende à prefeitura de São Paulo. Mesmo com o apoio de Eduardo à reeleição de Ricardo Nunes (MDB) e à indicação do coronel Ricardo Mello Araújo (PL) como vice, aliados afirmam não ter espaço efetivo na gestão.
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O grupo ainda critica a postura da TV Cultura, vinculada ao governo paulista, classificada como uma “linha de ataque constante” ao bolsonarismo.
Nem mesmo gestos de Tarcísio — como articulações de bastidor para facilitar a situação judicial de Jair Bolsonaro, incluindo apoio à anistia e ao retorno da prisão domiciliar — foram suficientes para recompor a relação. O sentimento de “abandono institucional” também atinge aliados como Valdemar Costa Neto (PL), Gilberto Kassab (PSD) e Ciro Nogueira (PP).
Preferência por um sucessor “domável” acirra a disputa interna
Para o núcleo do “Bananinha”, a direita tradicional prefere um candidato “domável”, capaz de herdar o espólio eleitoral de Bolsonaro sem carregar sua figura política.
O grupo lembra conversas da Lava Jato divulgadas anteriormente, em que Deltan Dallagnol teria escrito que “o maior desafio é descolar do Bozo — para angariar o apoio dos jornalistas — sem perder o apoio dos apoiadores do Bozo”.
Dentro desse cenário, a “chapa ideal” para 2026 — Jair Bolsonaro presidente, Tarcísio governador buscando reeleição e Eduardo concorrendo ao Senado — se tornou inviável. A prisão do ex-presidente e os inquéritos que atingem Eduardo desestruturaram esse plano.
O próprio deputado acredita que qualquer nome associado ao bolsonarismo “autêntico” será alvo do sistema judicial. Ele aponta o exemplo do irmão, Flávio Bolsonaro, citado como responsável pela vigília que desencadeou a prisão preventiva de Jair Bolsonaro.
Grupo acusa PL de abandono e aposta em mobilização própria
Aliados do deputado afirmam que até o PL, partido que mais cresceu graças ao bolsonarismo, abandonou o ex-presidente. A avaliação interna é de que Valdemar Costa Neto e outras lideranças “já venderam Bolsonaro” e deixaram o ex-chefe do Executivo “por conta e risco”.
Diante disso, o grupo aposta na mobilização de base e em alianças internacionais para manter a força do bolsonarismo. Na prática, avaliam que o tabuleiro de 2026 já está sendo movimentado sem a família Bolsonaro no centro — e que Jair Bolsonaro não deve declarar tão cedo apoio público a qualquer sucessor na disputa contra Lula.
