Quem é Ricardo Magro, dono do grupo Refit, maior devedor de impostos no Brasil

Atualizado em 27 de novembro de 2025 às 11:00
O empresário Ricardo Magro, dono da Refit. Foto: Michelle Cadari

A Refit, comandada pelo empresário e advogado Ricardo Magro, tornou-se alvo de uma megaoperação que apura um amplo esquema de fraude fiscal no mercado de combustíveis na manhã desta quinta-feira (27). A ofensiva foi batizada de Poço de Lobato.

O empresário é dono da antiga refinaria de Manguinhos, apontada pela Receita Federal como o maior devedor contumaz do país, com mais de R$ 26 bilhões em dívidas.

Magro, que assumiu o controle da Refit em 2008, acumula um longo histórico de investigações. Ex-advogado do ex-deputado Eduardo Cunha, ele foi preso em 2016 por suspeita de desvios nos fundos de pensão Petros e Postalis — caso em que acabou absolvido.

Também já foi investigado por um suposto esquema de corrupção na Agência Nacional do Petróleo (ANP), mas a denúncia foi arquivada.

Seu nome aparece nos Panama Papers, vinculado a seis offshores abertas pela Mossack Fonseca. No exterior, ele é proprietário de uma refinaria no Texas e da consultoria portuguesa Pragmatismus.

Refit acumulou suspeitas de sonegação e adulteração

A Refit já havia sido citada pelo Ministério Público de São Paulo como parte de esquemas de sonegação e adulteração de combustíveis.

Refinaria de Manguinhos, no Rio de Janeiro, controlada pelo Grupo Refit. Foto: reprodução

Em dezembro passado, Magro foi associado a uma investigação da Polícia Civil que apurava o uso de 188 empresas para lavagem de dinheiro e crimes fiscais. Mais recentemente, foi mencionado na Operação Carbono Oculto, que investigou a infiltração do PCC no setor de combustíveis.

Mesmo sob recorrentes suspeitas, Magro sustenta que é vítima de difamação por parte de grandes empresas do setor e que sua atuação empresarial despertou resistências. Em entrevistas, afirmou que enfrenta ameaças do PCC e de apoiadores da facção.

O MPF já atribuiu a Magro supostos desvios que somariam ao menos R$ 90 milhões dos fundos Petros e Postalis. O Ministério Público de São Paulo apontou ainda que empresas do grupo teriam sido usadas para pagar propina a um agente da ANP para manter uma “rede de proteção” — acusação que o empresário nega.

Amizade com Ciro Nogueira

Em maio deste ano, durante um evento em Nova York, o senador Ciro Nogueira, presidente do Partido Progressistas (PP), rasgou elogios ao sonegador e deu um forte abraço nele após uma palestra promovida pela revista Veja. “Ele é um amigo de fora da político”, disse Magro sobre o nome forte do Centrão.

De acordo com a TV Sim Brasil, a relação é complexa e longíqua, especialmente considerando a dívida significativa da Refit. O político é uma figura central no debate sobre a legislação que cria a figura do devedor contumaz, uma questão delicada para a Refit, que vem sendo discutida no Congresso desde 2017.

O senador apresentou emendas ao Projeto de Lei Complementar 125/2022, que pode impactar diretamente a situação das empresas com dívidas significativas.

O projeto propõe que dívidas consideradas como “inadimplência reiterada e substancial” sejam avaliadas por agências reguladoras, permitindo que empresas, mesmo com dívidas bilionárias, possam evitar punições severas se a qualidade de seus serviços for aprovada. O que beneficiaria o Grupo Revit.