
A Coca-Cola se pronunciou sobre o patrocínio concedido ao Congresso Nacional do Ministério Público, realizado neste mês, após vir à tona que um integrante do Departamento de Estado dos Estados Unidos telefonou para a empresa questionando o apoio financeiro.
O motivo da cobrança é o fato de Alexandre de Moraes, ministro do STF e palestrante do evento, ter sido sancionado pelo governo do presidente Donald Trump sob a Lei Magnitsky em julho.
Em nota enviada à coluna de Paulo Cappelli, no Metrópoles, a empresa afirmou que apoia a Conamp há vários anos e que o patrocínio tem finalidade exclusivamente institucional. A Coca-Cola declarou que, ao fechar o apoio para a edição de 2025, ainda não havia recebido a lista de palestrantes e não tinha conhecimento de que Moraes participaria.
“A Coca-Cola Brasil é parceira institucional da Conamp há vários anos […] com o único objetivo de fomentar o diálogo sobre temas de interesse público e relevância social”, afirmou a companhia.
A multinacional disse também que não interfere na programação do evento. “A empresa não tem qualquer participação na definição da programação ou na escolha dos palestrantes. Essas responsabilidades cabem exclusivamente aos organizadores do evento”, informou.
Segundo o comunicado, nenhum representante da empresa esteve presente no congresso. A organização do encontro divulgou que o tema deste ano foi “O MP do futuro: democrático, resolutivo e inovador”.

Moraes ficou responsável por encerrar a programação com uma palestra. Os ingressos variaram entre R$ 820 e R$ 1.020. O ministro já integrou o Ministério Público de São Paulo, onde foi promotor de Justiça de 1991 a 2002.
Para setores da Casa Branca, empresas que atuam nos EUA podem enfrentar sanções secundárias caso financiem, mesmo de forma indireta, pessoas alvo da Lei Magnitsky. Esse tipo de punição costuma recair sobre indivíduos acusados de violações graves, corrupção ou abusos de poder.
No caso específico da Coca-Cola, integrantes do governo norte-americano avaliam que a situação deve se limitar a uma advertência. A leitura predominante é de que a empresa não teve participação na escolha de Moraes como palestrante nem buscou promover sua presença no congresso.
A Coca-Cola reforçou na nota que todo seu envolvimento foi restrito ao apoio institucional tradicional. “No momento da confirmação do patrocínio […] a empresa não foi informada sobre a lista de palestrantes. A empresa ou seus representantes não participaram do Congresso, nem tiveram qualquer envolvimento em seu desenvolvimento”, completou.