“Merecia uma bofetada”: deputada do PSOL denuncia colega bolsonarista

Atualizado em 27 de novembro de 2025 às 15:50
Célia Xakriabá (PSOL-MG) e Coronel Meira (PL-PE). Foto: Reprodução

A deputada federal Célia Xakriabá (PSOL-MG) anunciou que vai denunciar o bolsonarista Coronel Meira (PL-PE) ao Conselho de Ética e à Procuradoria-Geral da República (PGR) após dizer que a colega “merecia uma bofetada”.

A declaração foi dada enquanto a Casa analisava uma representação do PL contra a deputada. O bolsonarista disse que tentou conter uma confusão entre Kim Kataguiri (União-SP) e a psolista, mas acabou sendo ferido por ela. 

“Se na hora eu tivesse dado uma bofetada nela? Porque merecia, pela agressão e pelo sangue que tirou de mim… Era uma defesa, eu fui agredido. Como é que estaria aqui nessa Comissão de Ética? Sendo julgado. É um absurdo”, disse o deputado. Veja o momento:

Em nota, a deputada disse que vai protocolar denúncias contra o deputado por violência política de gênero. “Não atinge apenas a mim, atinge todas as mulheres que ousam ocupar esse espaço e defender o que acreditam”, disse Célia. 

Veja a nota na íntegra:

Deputada Célia Xakriabá acionará Coronel Meira após ele dizer que ela “merecia uma bofetada”

A deputada federal Célia Xakriabá (PSOL-MG) anunciou nesta quinta-feira (27) que ingressará com uma representação no Conselho de Ética e na Procuradoria Geral da República (PGR) contra o deputado Coronel Meira (PL-PE) por violência política de gênero.

A decisão foi tomada depois de o parlamentar afirmar na terça-feira (25), em sessão do Conselho, que a deputada “merecia uma bofetada”. A fala ocorreu logo após o colegiado determinar o arquivamento da representação apresentada por Meira contra a deputada, em que ele a acusava, sem provas, de tê-lo agredido com uma caneta.

O arquivamento confirmou a versão da deputada, que desde o início negou qualquer agressão. Segundo ela, a acusação serviu para criminalizar sua atuação em defesa do meio ambiente durante a votação do chamado “PL da Devastação”, episódio que, à época, ela classificou como um “racismo televisionado”.

Para a parlamentar, as declarações do parlamentar expõem um padrão de machismo, misoginia e violência política de gênero que afeta especialmente mulheres indígenas, negras e periféricas no Parlamento. “Quando um deputado diz que uma mulher ‘merecia uma bofetada’, ele não atinge apenas a mim, atinge todas as mulheres que ousam ocupar esse espaço e defender o que acreditam”, afirmou.

A deputada pedirá ao Conselho que adote as punições cabíveis diante da gravidade da declaração, reforçando que violência simbólica e verbal também constitui violência política e deve ser responsabilizada conforme a legislação vigente.

Caique Lima
Caique Lima, 27. Jornalista do DCM desde 2019 e amante de futebol.