
A deputada federal Célia Xakriabá (PSOL-MG) anunciou que vai denunciar o bolsonarista Coronel Meira (PL-PE) ao Conselho de Ética e à Procuradoria-Geral da República (PGR) após dizer que a colega “merecia uma bofetada”.
A declaração foi dada enquanto a Casa analisava uma representação do PL contra a deputada. O bolsonarista disse que tentou conter uma confusão entre Kim Kataguiri (União-SP) e a psolista, mas acabou sendo ferido por ela.
“Se na hora eu tivesse dado uma bofetada nela? Porque merecia, pela agressão e pelo sangue que tirou de mim… Era uma defesa, eu fui agredido. Como é que estaria aqui nessa Comissão de Ética? Sendo julgado. É um absurdo”, disse o deputado. Veja o momento:
Em nota, a deputada disse que vai protocolar denúncias contra o deputado por violência política de gênero. “Não atinge apenas a mim, atinge todas as mulheres que ousam ocupar esse espaço e defender o que acreditam”, disse Célia.
Veja a nota na íntegra:
Deputada Célia Xakriabá acionará Coronel Meira após ele dizer que ela “merecia uma bofetada”
A deputada federal Célia Xakriabá (PSOL-MG) anunciou nesta quinta-feira (27) que ingressará com uma representação no Conselho de Ética e na Procuradoria Geral da República (PGR) contra o deputado Coronel Meira (PL-PE) por violência política de gênero.
A decisão foi tomada depois de o parlamentar afirmar na terça-feira (25), em sessão do Conselho, que a deputada “merecia uma bofetada”. A fala ocorreu logo após o colegiado determinar o arquivamento da representação apresentada por Meira contra a deputada, em que ele a acusava, sem provas, de tê-lo agredido com uma caneta.
O arquivamento confirmou a versão da deputada, que desde o início negou qualquer agressão. Segundo ela, a acusação serviu para criminalizar sua atuação em defesa do meio ambiente durante a votação do chamado “PL da Devastação”, episódio que, à época, ela classificou como um “racismo televisionado”.
Para a parlamentar, as declarações do parlamentar expõem um padrão de machismo, misoginia e violência política de gênero que afeta especialmente mulheres indígenas, negras e periféricas no Parlamento. “Quando um deputado diz que uma mulher ‘merecia uma bofetada’, ele não atinge apenas a mim, atinge todas as mulheres que ousam ocupar esse espaço e defender o que acreditam”, afirmou.
A deputada pedirá ao Conselho que adote as punições cabíveis diante da gravidade da declaração, reforçando que violência simbólica e verbal também constitui violência política e deve ser responsabilizada conforme a legislação vigente.