Tarcísio defende prisão perpétua no Brasil em meio à pena de Bolsonaro

Atualizado em 28 de novembro de 2025 às 14:23
O governador Tarcísio de Freitas no Annual Meeting promovido pela XP Asset Management. Foto: Divulgação

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, voltou a defender mudanças profundas na legislação penal brasileira ao participar do Annual Meeting promovido pela XP Asset Management, na noite de quinta-feira (27).

Diante de representantes do mercado financeiro, ele afirmou que o país precisa adotar medidas mais duras no enfrentamento ao crime, incluindo a possibilidade de prisão perpétua para casos específicos. Segundo Tarcísio, a legislação atual não acompanha o avanço das organizações criminosas.

Em sua fala, o governador declarou ser favorável a alterações consideradas por ele radicais. “Eu defendo algumas mudanças [na legislação] que são até radicais. Que a gente comece a enfrentar o crime com a dureza que o crime merece ser enfrentado. Não acho, por exemplo, nenhum absurdo você ter prisão perpétua no Brasil”.

Ele também sugeriu que a proposta seja submetida a referendo nas eleições de 2026, ano em que é apontado como pré-candidato, seja à reeleição no Estado ou à Presidência da República. Tarcísio ainda citou o presidente de El Salvador, Nayib Bukele, como referência no combate ao crime organizado.

O salvadorenho ficou conhecido por políticas de tolerância zero e pelo uso de força extrema em operações policiais, medidas que geraram críticas de organizações internacionais por violações de direitos humanos. Apesar disso, o governador paulista elogiou os resultados apresentados pelo país da América Central.

Durante o evento, ele comparou as ações do governo salvadorenho com iniciativas adotadas em São Paulo. “Acho que a gente tem que aproveitar para repassar aquilo que a gente tá fazendo. Mal comparando, vamos ver o que o Bukele fez em El Salvador. O que era e o que é. Se a gente traz segurança para as pessoas, a gente também está trazendo segurança para os investidores. Nós estamos falando de oportunidade”, afirmou.

Em seguida, completou: “Quantas pessoas não se instalam em um determinado local por falta de segurança? Então, a gente precisa encarar a segurança de uma forma diferente”.

Questionado sobre o papel do Congresso na atualização de normas sobre o crime organizado, Tarcísio disse esperar medidas que “aumentem o custo do crime” no país. Para ele, o avanço de facções exige respostas mais firmes, e o parlamento deveria acelerar discussões sobre mudanças legislativas.

Ele também voltou a defender as operações Escudo e Verão, conduzidas pela Polícia Militar no litoral paulista e que deixaram ao menos 84 mortos. O governador citou a disputa territorial entre facções como motivação para as ações e justificou o emprego de força ampliada pelas equipes policiais.

“Não é razoável deixar que alguém [ou algum grupo] domine um território e passe a impor a sua própria regra e a sua própria lei no território. O Estado não pode permitir que áreas sejam dominadas por criminosos. Por isso, as operações pesadas que nós fizemos na Baixada Santista eram necessárias naquele momento para não se perder o controle da situação”, declarou.

Guilherme Arandas
Guilherme Arandas, 27 anos, atua como redator no DCM desde 2023. É bacharel em Jornalismo e está cursando pós-graduação em Jornalismo Contemporâneo e Digital. Grande entusiasta de cultura pop, tem uma gata chamada Lilly e frequentemente está estressado pelo Corinthians.