O banqueiro Daniel Vorcaro negociou a construção de um iate avaliado em cerca de 100 milhões de euros (cerca de R$ 600 milhões na cotação atual) com um fabricante europeu especializado em embarcações de grande porte. O pedido foi feito quando o empresário ainda comandava suas operações financeiras no Brasil e mantinha um padrão de compras de alto luxo. Com informações da coluna de Lauro Jardim no jornal O Globo.
A embarcação, que segue em fase final de acabamento no estaleiro, estava prevista para ser entregue após customizações feitas sob demanda.
A trajetória do investimento mudou completamente depois das investigações que atingiram o grupo ligado a Vorcaro. Em 2024, ele foi preso durante uma operação que apurava movimentações financeiras consideradas irregulares. A Justiça determinou o bloqueio de bens, apreensão de documentos e restrições patrimoniais que impedem o empresário de realizar novos negócios ou assumir o controle de aquisições já contratadas.
As medidas atingiram diretamente o império financeiro do banqueiro. Vorcaro perdeu o controle do Banco Master após decisões judiciais que afastaram sua gestão e colocaram a instituição sob intervenção. A queda ocorreu em meio ao avanço das apurações sobre operações de crédito, movimentações internas e contratos que despertaram atenção dos órgãos de fiscalização.
Durante o período em que esteve preso, Vorcaro passou a responder a uma série de procedimentos paralelos relacionados às movimentações de suas empresas e de seu patrimônio pessoal. Relatórios anexados aos autos apontam compras de alto valor, viagens internacionais, aquisição de imóveis e a negociação do superiate europeu como elementos que reforçaram a necessidade de monitoramento da Justiça. A defesa, por sua vez, sustenta que todas as operações seguiram parâmetros legais.
Mesmo solto, o banqueiro continua sujeito a decisões que limitam o acesso aos bens registrados durante o período das investigações. Entre eles está o iate de 100 milhões de euros, que permanece em produção. Como o bem ainda não foi formalmente transferido e está associado a contratos sob análise, ele não tem autorização judicial para concluí-lo ou usufruir da embarcação.
Enquanto o processo segue tramitando, o futuro do superiate é incerto. O estaleiro mantém a construção em ritmo reduzido, aguardando definições sobre a situação civil e patrimonial do comprador. Sem previsão de liberação, a embarcação se tornou um dos símbolos do contraste entre o período de expansão financeira de Vorcaro e o cenário atual, marcado por restrições impostas pela Justiça.