Deltan Dallagnol ignora Zema e trata Michelle como presidenciável no Novo

Atualizado em 30 de novembro de 2025 às 16:54
Michelle apontando para Bolsonaro de papel em evento do Novo. Foto: reprodução

A ex-primeira-dama e presidente do PL Mulher, Michelle Bolsonaro, foi tratada como “presidenciável” durante um evento do Partido Novo realizado neste domingo (30), em Fortaleza e criticou os políticos da extrema-direita cearense que fizeram aliança com Ciro Gomes (PSDB). Ao lado de lideranças da direita nacional, Michelle acabou se tornando o principal foco da plateia, superando até mesmo Romeu Zema (Novo), que pretende disputar a Presidência em 2026.

Além das especulações nos bastidores, a fala mais evidente sobre o tema ocorreu quando Deltan Dallagnol (Novo) saudou os “presidenciáveis presentes”, citando Michelle e Zema. Ela, surpresa, perguntou fora do microfone: “Eu, presidenciável?”. “Pra gente é”, respondeu Deltan no microfone.

O episódio ocorreu em meio às negociações para a formação de uma frente ampla de direita no Ceará, que busca enfrentar a tentativa de reeleição do governador Elmano de Freitas (PT).

Michelle estava na capital cearense para participar do Evento pela Liberdade, que marcou o lançamento da pré-candidatura do senador Eduardo Girão (Novo) ao governo do Ceará.

Diante do público, declarou apoio integral ao nome do senador e criticou a movimentação de aliados do PL no estado, especialmente o deputado André Fernandes (PL-CE), que articula aproximação com Ciro Gomes (PSDB). “A direita é Girão”, afirmou logo ao subir ao palco.

Em seguida, Michelle ampliou as críticas. Mirando Fernandes e seus apoiadores, disse que eles “se precipitaram” ao considerar aliança com Ciro.

“É sobre essa aliança que vocês se precipitaram de fazer. Eu adoro o André, passei em todos os estados falando do orgulho que tenho do Nikolas, do Carmelo, da esposa dele, Bela Carmelo, que foi eleita. Tenho orgulho de vocês. Mas fazer aliança com o homem que é contra o maior líder da direita, isso não dá”, declarou. A plateia reagiu com gritos de “Ciro, não”.

A ex-primeira-dama também mencionou ofensas recentes do ex-ministro do PSDB a Jair Bolsonaro e à sua família. Para Michelle, não há ambiente para diálogo.

“A pessoa continua afirmando que a família Bolsonaro é de ladrão, é de bandido. Então não tem como. Não existe. A essência dele é de esquerda.”

O tom gerou atrito visível no palco. André Fernandes respondeu dizendo que “eu só estou obedecendo Bolsonaro”. Pessoas próximas pediram calma, e ele permaneceu sentado, de cabeça baixa, mexendo no celular enquanto Michelle seguia o discurso.

As articulações incluem nomes como Ciro Gomes, Roberto Cláudio (União Brasil), Capitão Wagner (União Brasil) e o próprio André Fernandes. O objetivo é unificar grupos que estiveram separados nos últimos ciclos eleitorais.

Augusto de Sousa
Augusto de Sousa, 31 anos. É formado em jornalismo e atua como repórter do DCM desde de 2023. Andreense, apaixonado por futebol, frequentador assíduo de estádios e tem sempre um trocadilho de qualidade duvidosa na ponta da língua.