A estratégia do governo Lula para esfriar crise após Alcolumbre subir o tom contra Messias

Atualizado em 1 de dezembro de 2025 às 6:34
Lula, presidente do Brasil, e Davi Alcolumbre, do Senado. Foto: Reprodução

O Planalto passou a agir para esfriar a crise com o Senado depois que o presidente da Casa, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), subiu o tom e acusou “interferência indevida” do governo Lula (PT) na sabatina de Jorge Messias, indicando que setores do Executivo tentariam associar dificuldades no Congresso à negociação de cargos. Com informações do Globo.

A ordem entre ministros e articuladores políticos é distensionar e evitar uma escalada no atrito. Pouco após a divulgação da nota de Alcolumbre no último domingo (30/11), a ministra Gleisi Hoffmann afirmou nas redes sociais que o governo tem pelo presidente do Senado “o mais alto respeito e reconhecimento”.

Segundo aliados, a estratégia do Planalto é acenar à cúpula do Legislativo e reduzir o clima de confronto criado em torno da indicação do advogado-geral da União, Jorge Messias, ao Supremo Tribunal Federal (STF).

A escolha de Messias aprofundou o desgaste porque, segundo aliados, Alcolumbre não foi avisado previamente por Lula. Ele preferia o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), nome também visto com simpatia pela maioria dos senadores.

Em sua nota, Alcolumbre afirmou: “É nítida a tentativa de setores do Executivo de criar a falsa impressão, perante a sociedade, de que divergências entre os Poderes são resolvidas por ajuste de interesse fisiológico, com cargos e emendas”.

Risco de derrota no Senado

No Planalto, auxiliares admitem que Messias poderia enfrentar derrota se fosse votado hoje. O calendário definido por Alcolumbre prevê sabatina e decisão em 10 de dezembro, cronograma que integrantes do governo classificam como “armadilha”, por não permitir tempo suficiente para conquistar votos.

O advogado-geral da União, Jorge Messias, em visita a senadores após ser indicado pelo presidente Lula à vaga de Barroso no STF. Foto: Brenno Carvalho / Agência O Globo

Há quem avalie que Alcolumbre estaria vendendo dificuldades para ampliar sua margem de negociação, mas aliados dele negam qualquer barganha por cargos — como a presidência do Banco do Brasil, especulação que circulou nos bastidores.

Alcolumbre também reclamou do fato de Lula ainda não ter enviado a mensagem formal com a indicação de Messias. “Causa perplexidade ao Senado que a mensagem escrita ainda não tenha sido enviada”, disse.

Aliados do presidente afirmam que a demora é estratégica: sem o documento, a Casa precisaria adiar a sabatina, abrindo tempo para novas rodadas de articulação política e evitando uma derrota no plenário.

Para o governo, ganhar tempo pode ser crucial diante das resistências a Messias e da necessidade de assegurar ao menos 41 votos.