Trump anuncia investigação contra secretário de Defesa após matança no Caribe

Atualizado em 1 de dezembro de 2025 às 9:48
Donald Trump, presidente dos EUA. Foto: Getty

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou no último domingo (30) que pretende investigar as denúncias divulgadas pela imprensa estadunidense sobre um duplo ataque conduzido por forças militares de Washington contra uma embarcação no Caribe. Segundo reportagens da CNN e do jornal The Washington Post, após um primeiro bombardeio contra um barco suspeito de transportar narcóticos em 2 de setembro, uma segunda ofensiva teria sido ordenada para matar dois sobreviventes que se seguravam na embarcação em chamas.

A bordo do Air Force One, Trump disse desconhecer o caso e garantiu confiar na versão do secretário de Defesa, Pete Hegseth, acusado de dar a ordem para que “todas as pessoas no barco fossem mortas”. “Vou investigar isso”, afirmou o presidente. “Não sei nada a respeito. Ele afirma que não ordenou isso, e eu acredito nele”.

A negação de Hegseth contrasta com relatos de fontes ouvidas pelo Washington Post, que disseram que a ordem teria sido “matar todos”. Questionado se autorizaria um segundo ataque nessas circunstâncias, Trump reagiu: “Não, não teria desejado isso. Pete diz que não aconteceu”.

Os ataques fazem parte de uma operação militar ampliada pelos Estados Unidos no Caribe, oficialmente apresentada como ação de combate ao narcotráfico na Venezuela.

Pete Hegseth, secretário de Defesa dos EUA. Foto: reprodução

Desde setembro, Washington mobiliza navios, caças, milhares de militares e o maior porta-aviões do mundo na região. O governo de Nicolás Maduro, porém, insiste que a movimentação estadunidense tem como verdadeiro objetivo desestabilizar o regime venezuelano.

A ofensiva militar passou a ser questionada internacionalmente depois que o Alto Comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Turk, pediu que os Estados Unidos investigassem a legalidade das ações. Segundo ele, há “provas contundentes” de que os ataques podem constituir “execuções extrajudiciais”. O Departamento de Justiça dos EUA defende a legalidade das operações.

Na Venezuela, o presidente da Assembleia Nacional, Jorge Rodríguez, anunciou neste domingo a criação de uma comissão especial para apurar os ataques atribuídos a Washington, tanto na costa venezuelana quanto no Pacífico. Ele disse à TV estatal que o relatório do Washington Post fará parte da investigação.

Trump também confirmou que conversou por telefone com Nicolás Maduro, como havia antecipado reportagem do The New York Times. O presidente estadunidense não detalhou o conteúdo da conversa, mas a publicação indicou que os líderes discutiram a possibilidade de uma visita de Maduro aos EUA. Segundo fontes citadas pelo NYT, porém, não havia viagem marcada.

A escalada de tensões levou Caracas a recorrer à Organização dos Países Exportadores de Petróleo. Em carta divulgada neste domingo (30), Maduro pediu apoio da Opep para conter o que chamou de agressão dos Estados Unidos, em meio ao aumento das ações militares e diplomáticas de Washington.

Augusto de Sousa
Augusto de Sousa, 31 anos. É formado em jornalismo e atua como repórter do DCM desde de 2023. Andreense, apaixonado por futebol, frequentador assíduo de estádios e tem sempre um trocadilho de qualidade duvidosa na ponta da língua.