
A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) passou a dizer a aliados que aceita ser candidata a vice-presidente da República em 2026 em uma chapa liderada pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Segundo Igor Gadelha, do Metrópoles, pessoas próximas ao clã Bolsonaro indicaram que a sinalização ocorreu nos últimos dias, após o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) começar a cumprir, em regime fechado, a pena imposta no inquérito do golpe.
A avaliação interna é de que a presença de um membro da família na chapa presidencial seria essencial para preservar a influência construída pelo bolsonarismo. Em um evento do partido Novo, no último domingo (30), Michelle já começou a ser apresentada como “presidenciável” pela direita.
O temor, conforme interlocutores, é de que uma eventual vitória de Tarcísio fortaleça o governador a ponto de ofuscar o legado político de Jair Bolsonaro. Nesse cenário, a participação direta de Michelle seria considerada uma forma de manter o controle simbólico do movimento.
Mesmo antes da prisão do marido, Michelle já demonstrava proximidade política com Tarcísio. Em conversas reservadas, ela afirmou respeitar e confiar no governador paulista. Pessoas próximas ao núcleo familiar dizem que Michelle avalia que Tarcísio não trairia o ex-presidente e seguiria alinhado ao projeto político do clã.

Até então, o plano principal da ex-primeira-dama era disputar o Senado pelo Distrito Federal em 2026. Michelle chegou a considerar nomes da própria família para compor sua chapa como suplentes.
No entanto, segundo aliados, ela afirmou nos últimos dias que está disposta a abrir mão da candidatura ao Senado, caso seja necessário para compor a chapa presidencial com Tarcíscio e garantir a presença da família na corrida pelo Planalto.
Outra alternativa considerada pela família Bolsonaro é lançar o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) à Presidência da República. O filho mais velho do ex-presidente disse a aliados que aceita abrir mão da reeleição ao Senado para disputar o Planalto em 2026.
A hipótese, porém, enfrenta mais resistência entre partidos do Centrão e setores do Judiciário. A avaliação entre aliados é de que Tarcísio teria mais facilidade para atrair apoios políticos amplos, especialmente de forças que desejam um candidato competitivo alinhado à direita, mas com menor desgaste público que os membros do clã.
Nos bastidores, líderes partidários têm reforçado que o cenário eleitoral de 2026 dependerá diretamente da situação jurídica de Bolsonaro, hoje impedido de disputar cargos eletivos e detido em regime fechado.