
Mailson da Nóbrega voltou a atacar na GloboNews. “Não há nenhuma razão de natureza política, estratégica, econômica que justifique a presença de empresas estatais no Brasil”, disse diante de um entusiasmado Daniel Sousa, o liberal mais fofo da TV.
Daniel o ouvia com a baba elástica e bovina da bajulação. Para Maílson, até a Petrobras poderia ser entregue ao setor privado, porque o país “já não precisa mais de estatais”. “Estratégico, para valer, é educação”, declarou.
Genial. Entre janeiro de 1988 e março de 1990, Maílson comandou a economia brasileira e entregou números inéditos: a maior inflação de nossa história.
Herdou 363,4% de inflação em 1987 e, com a política do “feijão com arroz”, fechou 1988 com 980,2%. Em 1989, com o Plano Verão, o índice saltou para 1.972,9%.
No primeiro trimestre de 1990, a inflação mensal média chegou a 75,2%. Em 27 meses, acumulou 120.249,7% de inflação. Este é o desempenho do ex-ministro que hoje aparece aconselhando o país sobre como administrar patrimônio público.
Há ainda um conflito de interesses. Mailson é sócio da Tendências Consultoria Econômica, empresa que presta serviços para setores diretamente beneficiados por privatizações, concessões e mudanças regulatórias: distribuidoras de energia, empresas de saneamento, concessionárias de rodovias, telecomunicações, metalurgia, papel e celulose, químicos, têxtil, vestuário, bebidas, materiais de construção, seguros e também o setor público.
Vende cenários, projeções e estudos técnicos usados para embasar projetos privados que disputam ativos públicos.
Quando Mailson vai à televisão defender a privatização “a qualquer custo”, seu discurso não é apenas opinião técnica. É também publicidade indireta para os setores que atende. O Estado, segundo ele, deve se retirar de áreas como energia, infraestrutura e saneamento — justamente as áreas em que seus clientes atuam.
Picaretagem pura, apostando sempre na falta de memória do cidadão e na certeza de que Maílson vai falar o que o jornalista quer ouvir.
“Não há nenhuma razão de natureza política, estratégica, econômica que justifique a presença de empresas estatais no Brasil”, diz Maílson Nóbrega, economista e ex-ministro da Fazenda. #Estúdioi
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— GloboNews (@GloboNews) November 28, 2025