Grupo Refit monitorou carreira e família de secretário da Receita, dizem documentos

Atualizado em 1 de dezembro de 2025 às 12:11
O secretário da Receita Federal, Robinson Barreirinhas. Foto: Reprodução

A Fit, antiga Refit ou refinaria Manguinhos, monitorou a carreira e até familiares do secretário da Receita Federal, Robinson Barreirinhas, segundo documentos apreendidos na operação da semana passada. Com informações da colunista Daniela Lima, do UOL.

O material, encontrado no escritório da empresa em Brasília, mostra que a refinaria — considerada sonegadora contumaz e devedora de quase R$ 30 bilhões — produziu um organograma detalhado sobre a trajetória profissional do chefe da Receita e informações de pessoas próximas a ele.

O registro, escrito à mão com canetas de cores diferentes, acompanha Barreirinhas desde seu ingresso no serviço público como procurador da cidade de São Paulo até os cargos de alto escalão que ocupou ao longo da carreira.

O mapeamento também tenta identificar quem teria influenciado suas nomeações, incluindo sua passagem como secretário de Negócios Jurídicos na gestão de Fernando Haddad (2012–2016). O nome do atual ministro da Fazenda aparece no fim da página, listado entre os cargos de primeiro escalão que ocupou desde 2003.

Após onda de fake news, governo recua e revoga norma sobre fiscalização do Pix | Contec Brasil
Robinson Barreirinhas e Fernando Haddad. Foto: Reprodução

Fit alega “mapeamento padrão”, mas familiares na lista causam incômodo

Fontes ligadas à Fit afirmam que o material seria parte de um procedimento interno de mapeamento de relações para compreender como se aproximar de autoridades. Ainda assim, gerou forte reação o fato de constar ali dados sobre familiares do secretário — algo visto como ultrapassar qualquer limite institucional.

Barreirinhas é considerado peça central no cerco contra a empresa e no envio de dados da Receita que embasaram investigações sobre o grupo do empresário Ricardo Magro.

Fit já era alvo por fraude bilionária e ligação com postos controlados pelo PCC

A Receita repassou à Polícia Federal informações de que o grupo movimentava dezenas de fundos para driblar a cobrança de impostos. A Fit também é investigada por venda de combustível para postos administrados pelo PCC (Primeiro Comando da Capital).

A operação da semana passada é um desdobramento da Carbono Oculto. Foi a primeira vez que investigações relacionadas ao crime organizado alcançaram empresas e fundos com sede na Avenida Faria Lima, centro do mercado financeiro brasileiro.