
O desentendimento entre Michelle Bolsonaro e os filhos de Jair Bolsonaro ganhou intensidade após o discurso da ex-primeira-dama no lançamento da pré-candidatura de Eduardo Girão, no Ceará. No evento, ela criticou a articulação do PL local para aproximar o partido de Ciro Gomes, movimento conduzido pelo deputado André Fernandes. Os filhos do ex-presidente trataram a fala como descumprimento de uma orientação atribuída ao pai, que segue preso na Superintendência da Polícia Federal em Brasília. Com informações do Globo.
O confronto mais amplo, porém, começou na última terça-feira (25/11), em uma reunião interna do PL para discutir os rumos da sigla. Na ocasião, Michelle relatou que havia preparado milho cozido para o marido e repetiu o apelido “meu galo”, usado por ela em referência ao ex-presidente. Em seguida, afirmou que Bolsonaro precisava provar ser “imbrochável”, expressão presente na medalha dos “3 is”, entregue por Bolsonaro a aliados.

Segundo participantes da reunião, Flávio Bolsonaro pediu a palavra logo após a fala da ex-primeira-dama e recomendou cautela, mencionando a possibilidade de gravações do encontro. Ele afirmou que seria prejudicial a divulgação de um áudio que vinculasse o pai à impotência e declarou que todas as decisões deveriam partir exclusivamente do ex-presidente.
O episódio ocorreu no mesmo dia em que Flávio se anunciou como porta-voz do pai em entrevista coletiva, sem consulta prévia a Michelle. O impasse também envolve a definição do nome que o PL deve apoiar ao Senado por Santa Catarina. Jair Bolsonaro teria escolhido Carlos Bolsonaro, enquanto Michelle defende Caroline de Toni. Aliados da ex-primeira-dama afirmam que ela esteve no evento de Girão a pedido direto do marido.
No Ceará, Michelle repetiu divergências conhecidas sobre a aproximação com Ciro e declarou: “É sobre essa aliança que vocês precipitaram a fazer. Fazer aliança com o homem que é contra o maior líder da direita, isso não dá. A pessoa continua falando que a família é de ladrão, é de bandido. Compara o presidente Bolsonaro a ladrão de galinha. Então, não tem como.” A fala motivou reações de Flávio, Eduardo e Carlos nas horas seguintes.
Olha Michelle Bolsonaro dando bronca no André Fernandes, aquele deputado trombadinha que meteu a mão no meu microfone uma vez. Quem mandou se aliar ao Ciro Gomes, agora será cobrado. pic.twitter.com/3YSzYFVh38
— GugaNoblat (@GugaNoblat) November 30, 2025
Flávio afirmou ao Metrópoles que Michelle “atropelou” a orientação atribuída ao pai. “A Michelle atropelou o próprio presidente Bolsonaro, que havia autorizado o movimento do deputado André Fernandes no Ceará. E a forma com que ela se dirigiu a ele, que talvez seja nossa maior liderança local, foi autoritária e constrangedora”, disse.
Eduardo reforçou a mensagem em publicação no X, afirmando que a decisão sobre a aliança havia sido definida por Jair Bolsonaro. Carlos também se manifestou e disse que o grupo deveria manter unidade em torno da liderança do ex-presidente.
Meu irmão @FlavioBolsonaro está correto. Foi injusto e desrespeitoso com o @andrefernm o que foi feito no evento. Não vou entrar no mérito de ser um bom ou mal acordo, foi uma posição definida pelo meu pai.
André não poderia ser criticado por obedecer o líder. https://t.co/9e8am5fcpo
— Eduardo Bolsonaro🇧🇷 (@BolsonaroSP) December 1, 2025
– Meu irmão, @FlavioBolsonaro, está certo e temos que estar unidos e respeitando a liderança do meu pai, sem deixar nos levar por outras forças! pic.twitter.com/Au9u5rOL8z
— Carlos Bolsonaro (@CarlosBolsonaro) December 1, 2025