
A reunião marcada pelo PL para esta terça-feira (2) deve servir para redesenhar o papel de Michelle Bolsonaro no partido e tentar conter o racha aberto entre ela e os filhos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), conforme informações do Globo.
Apesar do discurso oficial de busca por “união”, lideranças afirmam que o encontro tende a delimitar de forma explícita os limites de atuação da ex-primeira-dama, lembrando que o comando do PL Mulher é apenas honorífico e não confere poder de decisão sobre estratégias nacionais.
Participam da reunião o presidente nacional da sigla, Valdemar Costa Neto, e lideranças do Congresso, como o vice-presidente da Câmara, Altineu Côrtes (RJ), e o senador Rogério Marinho (RN). A ideia, segundo dirigentes, é reforçar que decisões que impactem a disputa de 2026 devem partir exclusivamente de Jair Bolsonaro, preso na Superintendência da PF.
Os filhos do ex-presidente, que atuaram de forma coordenada contra Michelle após suas falas no Ceará, avaliam baixar o tom caso a reunião encerre o impasse. Para eles, já ficou claro que não aceitarão ser “desautorizados” pela madrasta e que o discurso público deve voltar à “união”.
Brincadeira de Michelle e disputa por protagonismo
O conflito começou após Michelle fazer uma piada durante reunião interna do PL, relatando que havia preparado milho cozido para o marido e chamando-o de “meu galo”. Em seguida, afirmou que Bolsonaro precisava provar ser “imbrochável”, referência às “medalhas dos 3 is”.
A brincadeira irritou os filhos, especialmente o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), que pediu a palavra e alertou sobre o risco de gravações vazadas associarem o pai à impotência.
Ele reforçou que todas as decisões deveriam emanar do ex-presidente, num movimento interpretado como tentativa de impedir que Michelle ganhasse peso nas escolhas eleitorais — especialmente na disputa pela vaga ao Senado por Santa Catarina, onde ela prefere Caroline de Toni e Bolsonaro indicou Carlos Bolsonaro.

Críticas públicas no Ceará aprofundaram o racha
A crise se agravou no último domingo, quando Michelle, no lançamento da pré-candidatura do senador Eduardo Girão (Novo-CE) ao governo do estado, criticou a aproximação do PL local com Ciro Gomes, articulação conduzida pelo deputado André Fernandes (PL).
“É sobre essa aliança que vocês precipitaram a fazer. Fazer aliança com o homem que é contra o maior líder da direita, isso não dá. A pessoa continua falando que a família é de ladrão, é de bandido. Compara o presidente Bolsonaro a ladrão de galinha. Então, não tem como”, disse ela na ocasião.
A fala foi tratada pelos filhos como intervenção indevida em um movimento que, segundo eles, havia sido autorizado por Bolsonaro.
Olha Michelle Bolsonaro dando bronca no André Fernandes, aquele deputado trombadinha que meteu a mão no meu microfone uma vez. Quem mandou se aliar ao Ciro Gomes, agora será cobrado. pic.twitter.com/3YSzYFVh38
— GugaNoblat (@GugaNoblat) November 30, 2025
Reação dos filhos
Flávio afirmou ao Metrópoles que a ex-primeira-dama “atropelou” orientações do pai e classificou a postura como “autoritária”.
“A Michelle atropelou o próprio presidente Bolsonaro, que havia autorizado o movimento do deputado André Fernandes no Ceará. E a forma com que ela se dirigiu a ele, que talvez seja nossa maior liderança local, foi autoritária e constrangedora”, disse.
Eduardo Bolsonaro endossou a fala do irmão: “Meu irmão Flávio Bolsonaro está correto. Foi injusto e desrespeitoso com o André o que foi feito no evento (…) foi uma posição definida pelo meu pai.”
Meu irmão @FlavioBolsonaro está correto. Foi injusto e desrespeitoso com o @andrefernm o que foi feito no evento. Não vou entrar no mérito de ser um bom ou mal acordo, foi uma posição definida pelo meu pai.
André não poderia ser criticado por obedecer o líder. https://t.co/9e8am5fcpo
— Eduardo Bolsonaro🇧🇷 (@BolsonaroSP) December 1, 2025
Carlos Bolsonaro também se alinhou: “Temos que estar unidos e respeitando a liderança do meu pai, sem deixar nos levar por outras forças.”
– Meu irmão, @FlavioBolsonaro, está certo e temos que estar unidos e respeitando a liderança do meu pai, sem deixar nos levar por outras forças! pic.twitter.com/Au9u5rOL8z
— Carlos Bolsonaro (@CarlosBolsonaro) December 1, 2025