VÍDEO: Político alemão copia Hitler durante evento de partido de extrema-direita

Atualizado em 2 de dezembro de 2025 às 14:41
Alexander Eichwald, do partido de extrema-direita alemão AfD. Foto: reprodução

A convenção da juventude do partido de extrema-direita AfD, em Giessen, Alemanha, foi marcada por um episódio que reacendeu comparações com a retórica dos anos 1930. Enquanto manifestantes protestavam do lado de fora, Alexander Eichwald adotou entonação rígida, trejeitos e expressões que lembraram a era nazista, chamando os presentes de “camaradas de partido” e declarando: “Partilhamos aqui o nosso amor e lealdade à Alemanha” e “É e continua a ser nosso dever nacional proteger a cultura alemã de influências estrangeiras”.

Um vídeo divulgado pela responsável pela comunicação dos Verdes na Renânia do Norte-Vestfália, Mareile Ihle, reforçou o impacto da cena e gerou forte repercussão nas redes sociais.

Delegados presentes relataram críticas imediatas, e Eichwald chegou a ser questionado, sob aplausos, se seria um informante do Serviço Federal de Proteção da Constituição. Ele justificou o “R” arrastado dizendo ser russo-alemão. Fora do palco, o candidato rejeitou especulações sobre uma possível encenação. Questionado pelo portal DPA, respondeu apenas “sim” ao ser perguntado se sua fala havia sido séria.

A polêmica se expandiu com a circulação online de supostas referências ao passado do candidato, incluindo menções ao nome artístico “Alex Oak” e imagens antigas em um jornal regional. Eichwald, porém, continua a negar que seu discurso tenha sido um projeto performático e insiste que o conteúdo foi apresentado com seriedade.

A direção nacional da AfD reagiu rapidamente. Segundo Tino Chrupalla, líder do partido, Eichwald integra a federação da Renânia do Norte-Vestfália, mas sua fala representou um afastamento dos princípios da legenda. “Com o conteúdo e a forma da sua apresentação de candidatura, Alexander Eichwald distanciou-se dos princípios do partido”, declarou à agência Deutsche Presse-Agentur. A executiva federal anunciou que verificará a condição de filiação do candidato.

O episódio ocorre em meio a sinais contraditórios sobre o futuro da nova juventude da AfD. Embora Chrupalla tenha elogiado a “profissionalização” da organização e dito que ela deve permanecer “desagradável”, o partido ainda mostra cautela em relação ao novo líder juvenil, Jean-Pascal Hohm, que utilizou o termo “troca de população” em entrevista recente.

Chrupalla evitou endossar a expressão e afirmou que “não se deve chamar-lhe isso”, indicando que o dirigente está “à experiência”.

Apesar do discurso oficial de contenção, os especialistas veem continuidade no radicalismo. Durante as falas de candidatura no congresso, nomes como Mio Trautner, Julia Gehrkens e Cedric Krippner defenderam medidas extremas como “que as deportações no país finalmente comecem” e “remigração de milhões de pessoas”.

Para o especialista Christoph Schulze, a eleição de Hohm representa a “manutenção da linha radical”. O cientista político Wolfgang Schroeder concorda, dizendo que a nova juventude é formada “pelas mesmas pessoas” que dominavam a antiga organização.

Augusto de Sousa
Augusto de Sousa, 31 anos. É formado em jornalismo e atua como repórter do DCM desde de 2023. Andreense, apaixonado por futebol, frequentador assíduo de estádios e tem sempre um trocadilho de qualidade duvidosa na ponta da língua.