
Deputados e senadores do PL estão expressando preocupação com a ausência do ex-presidente Jair Bolsonaro nas articulações políticas para as eleições de 2026, o que tem deixado seus aliados confusos sobre qual direção seguir.
Eles pediram que o tema fosse abordado na reunião da cúpula da legenda nesta terça-feira (2), convocada para discutir os desentendimentos causados por Michelle Bolsonaro nas últimas semanas, especialmente no que diz respeito às articulações para o governo do Ceará.
A ex-primeira-dama se posicionou contra a estratégia do partido no estado, gerando uma série de reações dentro da legenda. Desde a prisão de Jair Bolsonaro, o PL oficializou o senador Flávio Bolsonaro e Michelle como os porta-vozes oficiais do ex-presidente.
No entanto, a falta de coordenação entre os dois tem gerado tensões, especialmente quando se trata das decisões no Ceará. Parlamentares da legenda afirmam que a comunicação do partido deveria ser centralizada em uma única pessoa, e não entre dois representantes com posições divergentes.
Um congressista revelou que participou de um evento com Michelle no Ceará, acreditando que era uma boa oportunidade, mas não sabia que Flávio Bolsonaro era contra a articulação feita por ela.

Após o ocorrido, Flávio Bolsonaro fez questão de pedir desculpas a Michelle e também recebeu as desculpas dela. Ele tentou amenizar o desconforto, afirmando que “o lado bom” da confusão foi que isso permitirá “decisões muito mais conscientes” no futuro.
Flávio também negou que haja apoio fechado dentro do partido a uma possível candidatura de Ciro Gomes ao governo do Ceará, mas admitiu que estão em andamento conversas para uma aliança com o ex-governador. No entanto, ele deixou claro que a decisão final sobre o tema será tomada por Jair Bolsonaro.
A crise interna do PL também envolve a disputa pelo apoio do partido ao governo do Ceará e a vaga ao Senado. Michelle, em um evento do PL Mulher que presidia, defendeu publicamente o nome do senador Eduardo Girão para o governo do estado, contrariando um acordo previamente firmado entre o PL e o ex-governador Ciro Gomes.
O acordo, que teve o aval de Bolsonaro, previa o apoio ao nome de Ciro, com o PL indicando o deputado estadual e pastor Alcides Fernandes (PL) para a vaga ao Senado. Ele é pai de André Fernandes, presidente do diretório do PL no Ceará.
O posicionamento de Michelle Bolsonaro gerou desconforto entre os membros do PL, uma vez que ela apoiou a candidatura de Girão e ainda indicou a vereadora Priscila Costa, sobrinha do pastor José Wellington Bezerra da Costa, para disputar a vaga ao Senado pelo PL.