Reinaldo, ídolo do Galo, recebe perdão e indenização por perseguição na ditadura

Atualizado em 2 de dezembro de 2025 às 17:45
O ex-atacante Reinaldo. Foto: Divulgação/Clarice Castro/MDHC

A Comissão de Anistia do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania concedeu perdão e uma indenização de R$ 100 mil ao ex-atacante Reinaldo, ídolo do Atlético Mineiro, em reconhecimento à perseguição que sofreu durante a ditadura militar. O ex-jogador, que também jogou pela seleção brasileira na Copa de 1978, relatou ter sido monitorado pelo Sistema Nacional de Informações (SNI) e perseguido no ambiente esportivo.

A decisão foi tomada por unanimidade na sessão desta terça (2). Reinaldo ficou famoso por suas comemorações de gols com o punho cerrado, gesto inspirado no movimento dos Panteras Negras, que simbolizava sua oposição ao regime militar.

Ele explicou, durante sua fala na comissão, que a repressão não se limitava à violência física, mas envolvia campanhas de difamação e tentativas de destruir a reputação e a vida social de quem era visto como inimigo do regime. Essas ações, segundo ele, tinham consequências devastadoras na vida das pessoas.

A decisão de anistiar Reinaldo foi comemorada pelo ex-jogador, que destacou a importância da memória e da justiça de transição para que erros da ditadura não se repitam. “Todos nós sabemos dos horrores da ditadura que tiraram a vida de tantos brasileiros”, afirmou.

Reinaldo, ídolo do Atlético-MG, em seu gesto emblemático na ditadura militar. Foto: Reprodução

Macaé Evaristo, ministra dos Direitos Humanos e da Cidadania, esteve presente na sessão e citou a relevância do caso de Reinaldo para a memória e justiça no Brasil. Ela afirmou que o esporte sempre teve um papel importante na defesa da democracia e na luta antirracista.

Após sua carreira no futebol, Reinaldo ingressou na política. Filiado ao PT, foi eleito deputado estadual em Minas Gerais em 1990 e vereador em Belo Horizonte em 2004. Sua trajetória política também reflete seu compromisso com a justiça social e a defesa dos direitos humanos.

A Comissão de Anistia, que é um órgão vinculado diretamente à ministra de Direitos Humanos, tem a função de analisar e recomendar concessões de anistia a vítimas de perseguição política durante a ditadura militar. Os casos analisados devem ter comprovação inequívoca da perseguição sofrida, como no caso de Reinaldo, que finalmente obteve o reconhecimento por sua luta e contribuição histórica.

Caique Lima
Caique Lima, 27. Jornalista do DCM desde 2019 e amante de futebol.