Com Bolsonaro fora do jogo, clã e aliados se degladiam de olho em 2026

Atualizado em 3 de dezembro de 2025 às 7:29
A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, o deputado Eduardo Bolsonaro e o presidente do PL, Valdemar Costa Neto. Foto: Reprodução

Aliados de Jair Bolsonaro iniciaram 2025 em guerra aberta, acumulando ataques públicos, rupturas regionais e disputas internas enquanto o ex-presidente segue preso por 27 anos e três meses por tentativa de golpe de Estado.

A ausência de Bolsonaro da articulação política — desde que passou à prisão domiciliar em agosto — deixou o grupo sem comando unificado e ampliou conflitos que agora explodem em série.

Michelle x filhos de Bolsonaro e PL do Ceará

O caso mais recente envolveu Michelle Bolsonaro e os filhos do ex-presidente após ela criticar, no Ceará, a aproximação do PL com Ciro Gomes. A ex-primeira-dama repreendeu André Fernandes e Carmelo Neto em palanque, classificando como inaceitável uma aliança com quem “é contra o maior líder da direita”.

Fernandes respondeu dizendo que o acordo tinha aval de Bolsonaro. Flávio Bolsonaro declarou que Michelle agiu de forma “autoritária e constrangedora”, posição que recebeu apoio de Eduardo e Carlos. Nesta terça (2), Flávio disse ter pedido desculpas à madrasta.

Bolsonaros x Ana Campagnolo

Outro conflito estourou em Santa Catarina, quando a deputada estadual Ana Campagnolo criticou a retirada da pré-candidatura de Caroline de Toni ao Senado para abrir espaço a Carlos Bolsonaro.

Eduardo reagiu, chamando as falas de “totalmente inaceitáveis”, e ouviu de Campagnolo que ele também já contrariou o pai ao se opor a uma eventual candidatura presidencial de Tarcísio.

“Você contrariou seu pai quando foi ventilada a hipótese dele lançar o Tarcísio à Presidência. E talvez ele lance. Como vai ser? Por que você pode manifestar sua contrariedade e os outros aliados não?”, disse na época.

Eduardo Bolsonaro x Ciro Nogueira

Em outubro, Eduardo atacou o senador Ciro Nogueira, que havia dito que a atuação do deputado nos EUA trouxe “prejuízo muito grande” ao grupo bolsonarista.

Eduardo respondeu que o prejuízo era apenas pessoal ao senador e afirmou estar sacrificando seus “interesses pessoais pelo Brasil”.

“Prezado Ciro Nogueira, o prejuízo foi gigantesco para o seu plano pessoal, não se pode confundir o seu interesse com o do Brasil. Compreendo seu sentimento, pois também foi um grande prejuízo para mim, mas a diferença é que estou disposto a sacrificar meus interesses pessoais pelo Brasil”, afirmou Eduardo.

Eduardo Bolsonaro x Valdemar Costa Neto

No mês anterior, Eduardo reagiu duramente a Valdemar Costa Neto, que afirmara que o deputado “mataria o pai” se lançasse candidatura própria. Eduardo classificou a frase como “canalhice” e exigiu desculpas públicas.

“Dizer que um filho ajudaria matar o próprio pai, se ele não aceitar as chantagens que até seus aliados mais próximos estão fazendo com ele, é de uma canalhice que não esperava nem mesmo de você, Valdemar. Aguardo suas desculpas públicas e espero que você só tenha se atrapalhado, mais uma vez, com as palavras”, disse Eduardo ao Globo.

Eduardo Bolsonaro x Tarcísio

Em julho, o deputado voltou suas críticas ao governador Tarcísio de Freitas, dizendo que ele errou ao tentar negociar saída para tarifas impostas pelos EUA: “É um desrespeito comigo”, declarou.

O atrito se intensificou após a viagem de Tarcísio para negociar alternativas ao tarifaço imposto por Donald Trump em julho. O governador se reuniu com representantes da gestão americana no Brasil para tratar dos impactos da medida, enquanto Eduardo considerava que esse movimento prejudicava a estratégia política do bolsonarismo.

No entanto, em entrevista recente ao UOL, o “Bananinha” admitiu que pode apoiar Tarcísio na disputa presidencial de 2026 como um “voto anti-Lula”, caso o governador de São Paulo seja o nome escolhido pela direita.

Eduardo Bolsonaro x Jair Bolsonaro

Mensagens reveladas pela Polícia Federal mostraram que Eduardo chegou a xingar o pai após uma entrevista em que Bolsonaro o chamou de imaturo.

“VTNC SEU INGRATO DO CARALHO!”, escreveu o deputado em maiúsculas, usando a sigla que significa “vai tomar no cu”.

Na sequência, o deputado acrescentou: “Se o imaturo do seu filho de 40 anos não puder encontrar com os caras aqui, PORQUE VC ME JOGA PRA BAIXO, quem vai se fuder é vc. TENHA RESPONSABILIDADE”.

No dia seguinte, em tom mais ameno, Eduardo enviou nova mensagem ao pai, pedindo desculpas pelos impropérios: “Peguei pesado. Estava puto na hora”, escreveu, tentando amenizar a tensão.

Mensagens trocadas entre Eduardo e Jair Bolsonaro. Foto: Reprodução