
O governo de Donald Trump suspendeu, na última terça-feira (2), todos os pedidos de imigração feitos por cidadãos de 19 países que entraram na lista de restrições de viagem aos Estados Unidos. A medida paralisa imediatamente o processamento de green cards, entrevistas e cerimônias de naturalização, afetando milhares de pessoas em algumas das nações mais pobres e instáveis do mundo. São elas: Afeganistão, Mianmar (Burma), Chade, República do Congo, Guiné-Equatorial, Eritreia, Haiti, Irã, Líbia, Somália, Sudão, Iêmen, Burundi, Cuba, Laos, Serra Leoa, Togo, Turcomenistão e Venezuela.
A suspensão aprofunda a ofensiva do governo estadunidense contra a imigração legal, reforçada após o ataque contra dois membros da Guarda Nacional em Washington. O suspeito, Rahmanullah Lakanwal, afegão de 29 anos, havia recebido asilo em abril.
O caso serviu de justificativa para novas camadas de endurecimento, que agora atingem até quem já estava em fase avançada de regularização migratória.

A decisão foi confirmada por Matthew Tragesser, porta-voz dos Serviços de Cidadania e Imigração dos Estados Unidos. Segundo ele, “o governo Trump está realizando todos os esforços para garantir que os indivíduos que se tornam cidadãos sejam os melhores entre os melhores. A cidadania é um privilégio, não um direito”. Tragesser afirmou ainda que “não vamos correr riscos quando o futuro de nossa nação está em jogo”.
Advogados de imigração relataram um cenário de caos administrativo, com cancelamentos de entrevistas e cerimônias sem qualquer explicação oficial.
Ana Maria Schwartz, advogada no Texas, disse que dois clientes venezuelanos descobriram que suas entrevistas haviam sido canceladas ao chegarem ao escritório regional em Houston. Segundo ela, “tudo está sendo colocado em espera. É como um engarrafamento, e só vai piorar cada vez mais”.
Outro caso citado é o de um médico representado por colegas da advogada Elissa J. Taub, no Tennessee. Ele tinha cerimônia de naturalização marcada para esta semana, mas foi informado do cancelamento sem maiores detalhes.
O cliente, nascido no Irã, vive nos Estados Unidos com green card e mantém cidadania canadense, o que havia permitido viagens apesar das restrições impostas por Trump.
“Temos ouvido através de nossa rede de advogados de imigração que este não é um caso isolado”, disse Taub. “Pessoas da Venezuela e do Irã estão tendo suas cerimônias de juramento de naturalização canceladas”.
O governo também anunciou revisões de green cards já concedidos a pessoas dos países sujeitos à proibição de viagem, suspensão temporária de decisões de asilo e reavaliação de concessões feitas durante a administração Biden.
De acordo com o Departamento de Segurança Interna, as mudanças são necessárias para ampliar a verificação de todos os estrangeiros no país. Em nota divulgada nas redes, o Serviço de Cidadania e Imigração declarou: “Nada está fora de questão até que todos os estrangeiros sejam avaliados e selecionados ao máximo possível”.
A nova política pode afetar mais de 1,5 milhão de pedidos de asilo pendentes e mais de 50 mil pessoas que já receberam proteção humanitária nos últimos anos. Ainda não há números oficiais sobre quantos imigrantes dos países incluídos na lista estavam com processos ativos quando a suspensão foi decretada.