
A decisão liminar do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que endurece as regras para abrir processos de impeachment contra membros da Corte, desarticulou o principal plano eleitoral do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para 2026. Com informações do Estadão.
Ao tornar o impeachment dependente exclusivamente da Procuradoria-Geral da República (PGR) e ao elevar o quórum mínimo de votação no Senado, o ministro reduziu drasticamente as chances de o bolsonarismo reverter a condenação do ex-presidente por meio de uma futura revisão criminal.
Até então, eram necessários 41 votos para que o Senado analisasse e afastasse ministros do STF. Com a liminar — que tende a ser confirmada pelo plenário no dia 12 —, o número subiu para 54.
Na prática, isso exigiria que o bolsonarismo elegesse 37 dos 54 senadores em disputa em 2026, algo considerado inalcançável diante da polarização, da força de candidatos de esquerda e do Centrão em estados-chave e das altas taxas de reeleição.

Cenário legislativo também afasta chance de impeachment
Dos 27 senadores que permanecem na Casa, 17 são bolsonaristas, mas nem todos defendem abertamente o impeachment de ministros.
Paralelamente, o Senado ampliou o mandato do procurador-geral da República, Paulo Gonet — nome bem avaliado no STF e sem qualquer razão para acionar pedidos de impedimento. Como a decisão de Gilmar centraliza essa prerrogativa exclusivamente no PGR, a estratégia bolsonarista perde sustentação.
A liminar também bloqueia a tentativa de enquadrar o mérito de decisões judiciais como crime de responsabilidade. Isso elimina a justificativa mais recorrente nas representações apresentadas por aliados de Bolsonaro contra ministros do Supremo, tornando praticamente inviável a abertura de novos pedidos.