Presidente da Alerj é preso em operação que envolve o Comando Vermelho; entenda

Atualizado em 3 de dezembro de 2025 às 12:09
Rodrigo Bacellar (União), presidente da Alerj. Foto: Divulgação

O presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), Rodrigo Bacellar (União), foi preso pela Polícia Federal nesta quarta (3) na Operação Unha e Carne. Segundo a corporação, ele é suspeito de vazar informações sigilosas da Operação Zargun, deflagrada em setembro, quando o então deputado estadual TH Joias foi preso.

A ordem de prisão preventiva, além de mandados de busca e apreensão, foi expedida pelo Supremo Tribunal Federal (STF). A PF afirma que o vazamento comprometeu diretamente o avanço das investigações. Para o órgão, houve “atuação de agentes públicos envolvidos no vazamento de informações sigilosas”, o que teria levado à obstrução da operação que mirava a atuação de grupos criminosos no Rio.

Ao todo, foram cumpridos um mandado de prisão, oito de busca e apreensão e um de intimação para medidas cautelares. A operação ocorre no contexto da decisão do STF na ADPF das Favelas, que determinou investigações sobre facções violentas no estado e suas conexões com agentes públicos. A Corte havia delegado à PF a apuração estruturada desses vínculos. Bacellar, segundo a investigação, interferiu no sigilo da apuração.

TH Joias, alvo da operação anterior, foi preso em 3 de setembro por tráfico de drogas, corrupção e lavagem de dinheiro. Ele era suspeito de negociar armas e acessórios para o Comando Vermelho. A prisão ocorreu em duas ações simultâneas, uma autorizada pelo Tribunal Regional Federal e outra pelo Tribunal de Justiça do Rio. Ambas apontavam para um esquema de favorecimento ao grupo criminoso.

TH Joias e Rodrigo Bacellar. Foto: Reprodução

O Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) afirma que TH utilizou o mandato para beneficiar a facção, inclusive nomeando comparsas para cargos na Alerj. Na Operação Zargun, a PF cumpriu 18 mandados de prisão, 22 de busca e apreensão e sequestrou bens avaliados em R$ 40 milhões. O esquema envolveria chefes do CV, agentes públicos, um delegado federal, policiais militares e ex-secretários.

Segundo a PF, a organização criminosa se infiltrou na administração pública para acessar informações sigilosas e garantir proteção às atividades ilícitas. As investigações apontam ainda importação de armas do Paraguai e equipamentos antidrone da China, revendidos até para facções rivais. Os alvos respondem por organização criminosa, tráfico internacional, corrupção e lavagem de dinheiro.

No âmbito estadual, o Ministério Público denunciou TH e outras quatro pessoas na Operação Bandeirante por associação ao tráfico e comércio ilegal de armas de uso restrito. A denúncia relata vínculos com o Comando Vermelho nos complexos da Maré, Alemão e Parada de Lucas e movimentação de grandes quantias em espécie para financiar atividades da facção.

A operação desta quarta foi conduzida pela Força Integrada de Combate ao Crime Organizado no Rio (Ficco/RJ), que reúne PF, MPF, Polícia Civil e Ministério Público estadual. As medidas cumpridas ocorreram em endereços na Barra da Tijuca, Freguesia e Copacabana, dentro de uma investigação que busca mapear conexões entre agentes públicos e o crime organizado.

Caique Lima
Caique Lima, 27. Jornalista do DCM desde 2019 e amante de futebol.