
A brasileira Luana Lopes Lara (29), tornou-se a bilionária mais jovem do mundo a construir a própria fortuna depois que a Kalshi, empresa que cofundou nos Estados Unidos, atingiu avaliação de US$ 11 bilhões (R$ 58,3 bilhões). A startup ganhou destaque global por operar um modelo único de mercado baseado na negociação direta de eventos futuros.
Criada por Luana e Tarek Mansour em 2018, a Kalshi funciona como uma bolsa onde os investidores compram e vendem contratos atrelados ao resultado de perguntas objetivas, como “a inflação dos EUA vai subir acima de X%?”.
Cada contrato vale US$ 1 (R$ 5,3) se o evento ocorrer e nada se não ocorrer, e o preço pago reflete a probabilidade estimada pelo mercado. A operação só é possível porque a empresa possui aprovação da Comissão de Negociação de Futuros dos EUA, sendo a única deste tipo no país.
A ideia surgiu quando os dois trabalhavam em instituições como Goldman Sachs, Bridgewater Associates e Citadel. Eles perceberam que grande parte das decisões financeiras era, na prática, uma aposta sobre o futuro, mas feita por meio de instrumentos caros e complexos. A pergunta que motivou a Kalshi foi direta: por que não permitir que o investidor negocie o próprio evento?

Em 2019, a empresa entrou no Y Combinator, lançou sua versão beta e, no ano seguinte, obteve a aprovação regulatória que viabilizou sua expansão. A partir daí, a proposta atraiu grandes fundos, que passaram a usar os contratos como medidores de probabilidade para assuntos econômicos, sociais e políticos.
Antes de chegar ao MIT, onde estudou ciência da computação e conheceu Mansour, Luana teve uma trajetória pouco usual para alguém do setor financeiro: ela treinou na Escola do Teatro Bolshoi no Brasil, convivendo com rotinas que iam de aulas acadêmicas a ensaios de balé competitivo até a noite.
A escola tinha um ambiente de competição extrema, com episódios de rivalidade física entre bailarinas e testes de resistência que incluíam professoras segurando um cigarro aceso sob a coxa da aluna para avaliar firmeza e postura. Luana atribui parte de sua disciplina e resiliência profissional aos anos no balé.