Os bolsonaristas que serão julgados na Argentina pelo 8/1

Atualizado em 3 de dezembro de 2025 às 16:12
Joelton, Joel, Rodrigo, Wellington e Ana Paula, brasileiros condenados pelo STF. Foto: Divulgação

A Justiça da Argentina abriu nesta quarta o julgamento do pedido de extradição de cinco brasileiros condenados pelos ataques de 8 de janeiro de 2023 e que fugiram para o país vizinho. A informação foi confirmada pelo Tribunal Criminal nº 3 de Buenos Aires, responsável por conduzir o processo.

Os réus são Rodrigo de Freitas Moro Ramalho, Joelton Gusmão de Oliveira, Joel Borges Correia, Wellington Luiz Firmino e Ana Paula de Souza, parte do grupo de 61 brasileiros que deixaram o país após a expedição de mandados de prisão pelo STF.

As autoridades argentinas prenderam os cinco no fim do ano passado, após o governo brasileiro encaminhar uma lista de foragidos ao Itamaraty, que incluía mais de 180 nomes espalhados pela Argentina, Paraguai e Uruguai.

Investigações da Polícia Federal apontaram que muitos envolvidos nos ataques às sedes dos Três Poderes cruzaram a fronteira e pediram refúgio na Argentina para tentar driblar as ordens de prisão decretadas pelo ministro Alexandre de Moraes.

O julgamento ouvirá todos os acusados e representantes do Estado brasileiro, incluindo advogados contratados pela AGU. Segundo o tribunal, a decisão do juiz Daniel Eduardo Rafecas deve sair na próxima semana. Em entrevistas concedidas anteriormente, ele já havia afirmado que todos os foragidos seriam submetidos ao processo de extradição.

O governo argentino, por meio do porta-voz Manuel Adorni, declarou no ano passado que não havia “pactos de impunidade” e que o país respeitaria as decisões da Justiça brasileira “como respeitamos cada decisão judicial”.

Bolsonarista durante o 8/1. Foto: Divulgação

A audiência desta quarta foi marcada para 11h30 (horário de Brasília). Rafecas, que já emitiu cerca de 60 ordens de prisão relacionadas ao 8 de janeiro, analisará os cinco casos simultaneamente. Após a fase de manifestações, o juiz terá três dias úteis para decidir, prazo que termina na próxima terça-feira, devido ao feriado nacional na segunda-feira.

Caso a extradição seja autorizada, os condenados ainda poderão recorrer à Suprema Corte da Argentina. O processo enfrentou três adiamentos. O primeiro ocorreu por conflito de agenda no mesmo tribunal, quando a ex-presidente Cristina Kirchner deveria comparecer ao local.

Depois, a AGU pediu nova data para constituir a equipe de advogados que representa o Brasil. A terceira postergação veio após recursos apresentados pela defesa de um dos foragidos, rejeitados pela Justiça argentina.

Os cinco brasileiros detidos também haviam solicitado refúgio à Conare, órgão responsável por analisar pedidos desse tipo no país. O colegiado reúne representantes dos ministérios do Interior, Justiça, Segurança e Relações Exteriores, além de entidades internacionais, mas não chegou a decidir sobre o caso antes das prisões.

Ao portal da CNN, Ana Paula de Souza disse em agosto que acreditou que o pedido de refúgio garantiria proteção. “Não sabia que iríamos ser tratados dessa maneira”, declarou. “Estamos esquecidos em uma penitenciária da Argentina (…) estamos simplesmente abandonados”.

Guilherme Arandas
Guilherme Arandas, 27 anos, atua como redator no DCM desde 2023. É bacharel em Jornalismo e está cursando pós-graduação em Jornalismo Contemporâneo e Digital. Grande entusiasta de cultura pop, tem uma gata chamada Lilly e frequentemente está estressado pelo Corinthians.