Fracasso: líderes de caminhoneiros rejeitam greve puxada por bolsonaristas

Atualizado em 3 de dezembro de 2025 às 17:39
Greve de caminhoneiros bolsonaristas em 2021. Foto: Divulgação

Lideranças da categoria afirmaram nesta quarta-feira (3) que não vão aderir à paralisação dos caminhoneiros convocada para quinta. Segundo os principais representantes do setor, o movimento tem motivação política e não atende às reivindicações reais da categoria.

A greve foi anunciada pelos bolsonaristas Chicão Caminhoneiro e Sebastião Coelho, desembargador aposentado e crítico do ministro do STF Alexandre de Moraes. A CNTTL (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transporte e Logística) afirmou que conteúdos sobre a convocação circulam em grupos de WhatsApp e redes sociais, mas rejeitou a iniciativa.

Em nota, a confederação declarou que “não compactua com movimentos de manipulação política que utilizem uma das categorias de transporte mais importantes do país para tais finalidades”. A entidade diz temer que motoristas sejam usados como base de apoio para projetos que não representam as pautas do transporte rodoviário.

Wallace Landim, o Chorão, outra liderança de referência entre os caminhoneiros, reforçou que a mobilização anunciada é, na verdade, um ato político.

Para ele, os organizadores tentam “levantar o movimento usando essa pauta do transporte para que os caminhoneiros parem”. Chorão também alertou que, mesmo com baixa adesão, pequenos grupos podem bloquear trechos estratégicos de rodovias e causar transtornos.

Caminhões em posto de parada na Via Dutra, próximo a São José dos Campos (SP). Foto: Divulgação

Chicão, em vídeo publicado ao lado de Sebastião Coelho, argumentou que o objetivo da paralisação é “buscar nossos objetivos, fazendo com que as leis que existem e que infelizmente não são aplicadas para a nossa categoria comecem a ser respeitadas”.

Ele disse ainda que o protesto não violaria “o direito de ir e vir das pessoas”. A fala, porém, não convenceu entidades representativas. A ANTB (Associação Nacional dos Transportadores Autônomos do Brasil), presidida por José Roberto Stringasci, também se posicionou contra a paralisação.

O líder caminhoneiro afirmou que “o momento agora não é de paralisação da categoria”, reforçando que não participará do movimento. A entidade destaca que qualquer paralisação fora de um debate amplo com sindicatos e associações traz riscos de desabastecimento e insegurança nas estradas.

Guilherme Arandas
Guilherme Arandas, 27 anos, atua como redator no DCM desde 2023. É bacharel em Jornalismo e está cursando pós-graduação em Jornalismo Contemporâneo e Digital. Grande entusiasta de cultura pop, tem uma gata chamada Lilly e frequentemente está estressado pelo Corinthians.