CPI do INSS aprova quebra de sigilo e convocação de Vorcaro, dono do Master

Atualizado em 4 de dezembro de 2025 às 15:37
Daniel Vorcaro, CEO do Banco Master. Foto: Divulgação

A CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) aprovou nesta quinta (4) a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telemático do empresário Daniel Vorcaro, dono do Banco Master. O colegiado também decidiu convocá-lo para depor, embora a data ainda não tenha sido definida.

Segundo o relator Alfredo Gaspar (União-AL), Vorcaro precisa explicar operações do banco ligadas ao crédito consignado para aposentados e pensionistas. O banqueiro foi preso em 17 de novembro em uma operação da Polícia Federal que investiga fraude em papéis vendidos pelo Banco Master ao Banco de Brasília (BRB).

Ele foi solto na semana passada após decisão do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), mas o Ministério Público Federal (MPF) recorreu para restabelecer a prisão. A PF aponta que o esquema pode ter movimentado R$ 12 bilhões.

De acordo com a polícia, o banco emitia CDBs prometendo retornos até 40% acima da taxa de mercado, um rendimento que não condizia com a realidade. A diferença entre o lucro prometido e o possível era sustentada por operações consideradas fraudulentas. No mesmo dia da prisão, o Banco Central colocou o Master em administração especial temporária por 120 dias e decretou a liquidação extrajudicial do conglomerado.

O deputado Alfredo Gaspar, relator da CPMI do INSS. Foto: Geraldo Magela/Agência Senado

A intervenção ocorreu um dia após a Fictor Holding apresentar uma proposta de compra do banco. As negociações, no entanto, não avançaram. O Banco Master já enfrentava risco de falência devido ao alto custo de captação e investimentos considerados arriscados, incluindo a emissão desses CDBs de rentabilidade fora do padrão do mercado.

O banco também era conhecido por adquirir precatórios e investir em empresas com dificuldades financeiras, o que ampliava sua exposição a operações de alto risco. Esse conjunto de práticas pressionou a instituição e acelerou a deterioração de seu balanço.

Nos últimos anos, tentativas de venda do Master foram feitas para evitar a quebra, incluindo negociações com o próprio BRB. Todas as operações acabaram canceladas diante de questionamentos sobre transparência, ambiente político adverso e incertezas regulatórias.

Com a quebra de sigilos aprovada, a CPI pretende rastrear movimentações financeiras e comunicações internas para aprofundar a apuração sobre Vorcaro e a atuação do Banco Master no mercado.

Caique Lima
Caique Lima, 27. Jornalista do DCM desde 2019 e amante de futebol.