Viúva de Canisso, dos Raimundos, acusa bolsonarista Digão de calote

Atualizado em 5 de dezembro de 2025 às 6:36
Digão e Canisso em participação no “Altas Horas”. Foto: reprodução

Adriana Toscano, viúva de Canisso, baixista original do Raimundos, está acusando a atual formação da banda, liderada pelo bolsonarista Digão, de descumprir um acordo firmado após a morte do músico, em março de 2023. Adriana declarou que o combinado previa o repasse de parte dos cachês de shows realizados em homenagem ao músico, mas que os pagamentos teriam sido interrompidos sem aviso. Com informações do site de Igor Miranda.

Segundo ela, além de cessar as transferências, o grupo alterou o próprio CNPJ para dificultar o cumprimento do compromisso.

Em entrevista ao S.O.M., projeto da Mídia Ninja, Adriana contou que o acordo inicialmente foi respeitado. Após a morte de Canisso, Digão teria pedido seu apoio para manter a banda ativa e para que o roadie Jean Moura assumisse provisoriamente o baixo. Ela afirma que aceitou e registrou publicamente o apoio.

Durante o velório, o vocalista teria prometido ajudar a família do baixista, que deixou quatro filhos, destinando a eles parte dos cachês. A promessa foi formalizada em contrato.

Segundo Adriana, a agenda de shows da banda cresceu após esse período, incluindo apresentações em homenagem ao músico. Com o avanço das atividades, os valores combinados deixaram de ser repassados.

Ela também destaca que o acordo dizia respeito exclusivamente ao cachê dos shows, a principal fonte de renda do Raimundos, e que está sendo representada por advogados. Já os direitos autorais seguem normalmente para os herdeiros por meio do inventário.

Canisso e Adriana Toscano. Foto: reprodução

Quem foi Canisso

José Henrique Campos Pereira nasceu em 1965 e adotou Canisso como nome artístico. Criado entre São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, integrou o Raimundos desde a fundação, em 1987.

Com influências de punk rock e sonoridades nordestinas, o grupo se destacou nos anos 1990 com discos que se tornaram clássicos, como o álbum de estreia de 1994, “Lavô Tá Novo” (1995) e “Só no Forévis” (1999). Canções como “Mulher de Fases”, “Me Lambe” e “Eu Quero Ver o Oco” tornaram-se hits nacionais.

O baixista deixou o grupo em 2002, pouco depois da saída do vocalista Rodolfo Abrantes, mas retornou em 2007 e seguiu na formação até sua morte. Nos últimos anos, o Raimundos teve a imagem marcada por controvérsias políticas envolvendo Digão, que chegou a associar a pandemia a uma “amostra grátis de comunismo”.

A postura gerou reações de músicos como Tico Santa Cruz e João Gordo. Canisso, por sua vez, chegou a criticar a turbulência interna, mas defendeu o colega ao afirmar que ele havia se retratado, mesmo afirmando que sempre teve divergências ideológicas com o colega.

O músico morreu em 13 de março de 2023, aos 57 anos, após sofrer um infarto.

Augusto de Sousa
Augusto de Sousa, 31 anos. É formado em jornalismo e atua como repórter do DCM desde de 2023. Andreense, apaixonado por futebol, frequentador assíduo de estádios e tem sempre um trocadilho de qualidade duvidosa na ponta da língua.