
O presidente do Senado Federal, Davi Alcolumbre (União-AP), teve o nome citado em mensagens que mencionam Roberto Augusto Leme da Silva, o “Beto Louco”, suspeito de ligação com o PCC (Primeiro Comando da Capital).
As conversas revelam que o empresário organizou, em agosto de 2024, a entrega de canetas do medicamento Mounjaro a ele, num momento em que o produto não tinha uso aprovado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e era obtido apenas por vias paralelas.
A remessa foi combinada entre Beto Louco e um motorista particular de Brasília, responsável pela logística. O custo do tratamento girava em torno de R$ 15 mil por mês, e o acesso dependia de viajantes frequentes ao exterior. Segundo as mensagens, Beto Louco recorreria a uma mulher chamada Franciele, que viajava regularmente para Dubai e teria acesso ao medicamento.
Beto Louco está foragido e é investigado pela Polícia Federal em operações que apuram fraude em combustíveis e lavagem de dinheiro. Ele é apontado pelo Ministério Público como um dos líderes de um esquema bilionário associado ao PCC, ao lado de Mohamad Hussein Mourad, o “Primo” ou “João”.
Segundo a apuração, a dupla comandaria uma rede que movimentou mais de R$ 52 bilhões em fraudes fiscais e contábeis usando empresas de fachada, laranjas e fundos de investimento. A investigação descreve uma estrutura que se infiltrou em toda a cadeia de combustíveis, de usinas a postos.

O grupo operava importações irregulares de nafta, hidrocarbonetos, diesel e metanol por meio de intermediárias, enquanto distribuía produtos com sonegação de impostos. O metanol desviado era misturado clandestinamente à gasolina, adulterando o combustível e ampliando os ganhos ilícitos.
A Operação Carbono Oculto detalhou essa rede, que atingia usinas, formuladoras, distribuidoras, transportadoras e postos. A força-tarefa calcula R$ 7,6 bilhões em sonegação e mapeia como Beto Louco coordenava a estrutura enquanto Primo expandia o esquema para novos setores, consolidando a atuação atribuída ao PCC.