A discreta comemoração do Planalto com a pré-candidatura de Flávio Bolsonaro

Atualizado em 5 de dezembro de 2025 às 21:04
O senador Flávio Bolsonaro. Foto: reprodução

A confirmação da pré-candidatura do senador Flávio Bolsonaro à Presidência em 2026 foi recebida com discrição no Planalto, mas com avaliações internas de que o cenário favorece o presidente Lula. Segundo um auxiliar do governo, a rejeição ao sobrenome Bolsonaro pode repetir a polarização eleitoral de 2022, descrita por ele como um possível novo “Fla-Flu”. Com informações do G1.

Antes da definição do PL, havia receio no governo de que Tarcísio de Freitas pudesse entrar na disputa presidencial. Interlocutores do Planalto avaliavam que o governador de São Paulo projeta imagem considerada mais moderada e pode atrair eleitores pêndulos. Um ministro do PT afirmou que a escolha por Flávio “acaba de vez a ilusão de quem acreditava ser possível construir um bolsonarismo light ou uma segunda via dentro do campo da direita”.

A preocupação com Tarcísio era tamanha que, segundo relatos internos, havia movimento para associá-lo ao rótulo de “bolsonarista raiz”. A definição de Flávio modificou esse cálculo político. Segundo o Metrópoles, Tarcísio já discutia, desde setembro, que concorreria à reeleição ao Palácio dos Bandeirantes, relatando em conversas reservadas que não abriria mão de uma campanha estadual diante da instabilidade do apoio da família Bolsonaro.

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, usando boné com o slogan ‘Make American Great Again’. Foto: Reprodução

Entre lideranças do centrão, a pré-candidatura de Flávio foi recebida com ressalvas. A avaliação inicial era de que Jair Bolsonaro poderia optar por um nome com maior potencial competitivo. O ministro dos Transportes, Renan Filho (MDB), disse que a escolha por Flávio era “esperada”, mas destacou que “o mercado não esperava, estava torcendo para não ser um Bolsonaro”. Ele acrescentou que a decisão não muda tanto a posição do centrão, afirmando: “Reeleição é Lula contra Lula. É plebiscito. Eleitor vai dizer sim ou não. Qualquer um do outro lado é igual”.

O ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira (PT), citou efeitos econômicos após a notícia, afirmando: “O dólar baixou, o real desvalorizou. A bolsa saiu. Isso por si só já diz muita coisa”. Parlamentares e dirigentes partidários avaliaram que a reação do mercado ocorreu diante da percepção de que Flávio possui menor apelo junto a setores econômicos do que Tarcísio. Essa leitura se somou ao entendimento de que a escolha divide a centro-direita.

Mesmo com o anúncio, lideranças do centrão afirmaram que o cenário pode mudar ao longo de 2026. No PSD, dirigentes discutem a possibilidade de lançar o governador Ratinho Júnior como alternativa para eleitores que rejeitam tanto Lula quanto representantes da família Bolsonaro. A avaliação é de que Flávio tende a herdar apoio da base bolsonarista, mas enfrenta limite imposto por índices de rejeição ao sobrenome Bolsonaro.