Flávio quer ser o candidato de Deus, que estará ocupado com o Brasil na Copa. Por Moisés Mendes

Atualizado em 5 de dezembro de 2025 às 22:13
Flávio Bolsonaro. Foto: Reprodução

Flávio Bolsonaro, escolhido pelo pai e por Deus para enfrentar Lula em 2026, parece o jogador crente na hora de bater o pênalti:

“Eu me coloco diante de Deus e diante do Brasil para cumprir essa missão. E sei que Ele irá à frente, abrindo portas, derrubando muralhas e guiando cada passo dessa jornada”.

Pelo retrospecto recente, não será fácil. Deus não esteve com eles em nenhuma situação decisiva.

Deus abandonou Bolsonaro na eleição vencida por Lula e o deixou na estrada quando da tentativa de golpe.

Deus só conseguiu evitar que o chefe da organização criminosa fosse encarcerado na Papuda, mas o mandou para uma cela da Polícia Federal que tem barulho de ar condicionado.

Dizem que Deus se entendia melhor com Michelle, mas a puniu por ter desafiado a autoridade do marido e dos enteados. Deus às vezes é machista, e isso aparece muito no Antigo Testamento, que os Bolsonaros dominam com maestria.

Deus estará muito ocupado tentando ajudar a Seleção do Brasil na Copa do ano que vem e não terá, no mesmo ano, tanto tempo para os Bolsonaros.

O melhor seria pedir ajuda pro Malafaia.

A NOTA

Essa é, na íntegra, a nota emitida por Flavio após ter sido escolhido pelo pai para enfrentar Lula:

“É com grande responsabilidade que confirmo a decisão da maior liderança política e moral do Brasil, Jair Messias Bolsonaro, de me conferir a missão de dar continuidade ao nosso projeto de nação. Eu não posso, e não vou, me conformar ao ver o nosso país caminhar por um tempo de instabilidade, insegurança e desânimo. Eu não vou ficar de braços cruzados enquanto vejo a esperança das famílias sendo apagada e nossa democracia sucumbindo. O nosso país vive dias difíceis, em que muitos se sentem abandonados, aposentados são roubados pelo próprio governo, narcoterroristas dominam cidades e exploram trabalhadores, estatais voltaram a ser saqueadas, novos impostos não param de ser criados ou aumentados, nossas crianças não têm expectativas de futuro. Ninguém aguenta mais! Mas eu creio em um Deus que não abandona nossa nação. Eu creio que Ele levanta pessoas e inicia novos tempos quando o povo clama por justiça. Eu creio que nenhum cativeiro é maior do que o poder de Deus para libertar. Eu me coloco diante de Deus e diante do Brasil para cumprir essa missão. E sei que Ele irá à frente, abrindo portas, derrubando muralhas e guiando cada passo dessa jornada. Que Deus abençoe o nosso povo! Que Deus abençoe o nosso Brasil!”

O TRUQUE

Até o estagiário do PL sabe que Flávio pode apear do cavalo que o pai lhe ofereceu já encilhado, se não tiver suporte da direita.

É um truque antigo, o mesmo do coelho nas corridas. Largam o cavalo de Flávio na frente, testam seu acolhimento na direita e nas pesquisas e, se não der certo, trocam por Tarcísio.

Até Michelle deve ficar de prontidão, porque um fracasso de Flávio seria desastroso, considerando-se que ele tem a reeleição ao Senado dada como certa no Rio. Flávio derrotado ficaria sem mandato.

Sempre lembrando que Flávio pode ser o próximo grandão a ser cercado por Alexandre de Moraes.

Moisés Mendes
Moisés Mendes é jornalista em Porto Alegre, autor de “Todos querem ser Mujica” (Editora Diadorim) - https://www.blogdomoisesmendes.com.br/