
A Polícia Federal apreendeu relógios de alto valor na casa de Daniel Vorcaro, em São Paulo, durante a Operação Compliance Zero, deflagrada há três semanas. O empresário, preso no mesmo dia, não teve sua coleção mais valiosa alcançada pelos agentes, segundo informações de Lauro Jardim no Globo.
A verdadeira coleção de Vorcaro, estimada em R$ 40 milhões, permanece guardada em Miami. Entre as peças, predominam modelos da marca Richard Mille, conhecida por relógios que ultrapassam R$ 10 milhões.
Paralelamente às apreensões, a operação desencadeou buscas em cinco estados e resultou no bloqueio de R$ 12,2 bilhões em contas de pessoas físicas e jurídicas ligadas ao grupo investigado. Sete pessoas foram presas, entre mandados preventivos e temporários.
Os investigadores apontam que o esquema teria fabricado carteiras de crédito artificiais, usadas para criar a impressão de patrimônio real em instituições financeiras. Esses títulos eram repassados a outros bancos como se fossem ativos legítimos.
Com o avanço das apurações, os papéis suspeitos foram substituídos por novos documentos igualmente irregulares, numa tentativa de prolongar a operação fraudulenta. Parte dessas movimentações envolvia o Banco de Brasília, também alvo de buscas.

A ação ocorreu um dia após um consórcio dos Emirados Árabes Unidos anunciar aporte de R$ 3 bilhões em parceria com o grupo Fictor para adquirir o Banco Master, instituição controlada por Vorcaro. O processo já enfrentava restrições após a liquidação do banco.
Além dos relógios encontrados no Brasil, a PF recolheu obras de arte, carros de luxo e R$ 1,6 milhão em espécie. Vorcaro mantinha estilo de vida marcado por itens de alto luxo e, antes da operação, havia encomendado um iate de mais de meio bilhão de reais.
A PF segue analisando documentos e rastreando beneficiários das operações, enquanto os presos devem responder a processos criminais e a possíveis sanções do Banco Central e da CVM.