“Sugar baby” ré por lavagem de dinheiro ganhou apartamento de R$ 4 milhões de Vorcaro

Atualizado em 8 de dezembro de 2025 às 8:51
A “sugar baby” Karolina Trainotti. Foto: reprodução

A doação de um apartamento de alto padrão na região da Faria Lima, em São Paulo, feita pelo dono do Banco Master, Daniel Vorcaro, a uma influenciadora investigada por lavagem de dinheiro, ampliou o escrutínio sobre o banqueiro, já alvo de apurações federais. O imóvel, avaliado em R$ 4,3 milhões, foi transferido para Karolina Trainotti, 29, que responde a processo por lavagem em favor de Rowles Magalhães, acusado de tráfico internacional de cocaína.

De acordo com o Uol, ela afirma que recebeu valores e presentes por ser “sugar baby” do acusado. Segundo o Ministério Público Federal, Karolina teria sido “destinatária dos recursos de origem criminosa que Rowles pretendia omitir”, recebendo R$ 271 mil entre 2020 e 2021.

Nos autos, ela nega irregularidades e sustenta que os depósitos faziam parte da relação com Rowles. Desde 2023, sua defesa é conduzida pelo advogado Eugênio Pacelli, o mesmo que atua em ações de interesse de Vorcaro.

A doação foi formalizada em dezembro de 2024 e não menciona Vorcaro diretamente, mas registros mostram que o apartamento havia sido comprado em 2020 por uma empresa do banqueiro, a Viking Participações.

Daniel Vorcaro, dono do Banco Master. Foto: reprodução

Em 2024, o imóvel passou à Super Empreendimentos e Participações, sociedade anônima que concentra parte dos bens ligados a Vorcaro, incluindo sua casa em Brasília, de R$ 36 milhões, e o apartamento onde vive em São Paulo, de R$ 50 milhões. O grupo empresarial chegou a ter como diretor um cunhado do banqueiro.

Moradora do apartamento, Karolina mantém 34 mil seguidores no Instagram, onde exibe viagens a destinos como Sardenha, Míconos e roteiros de luxo nacionais. Procurada, ela não respondeu. Pacelli afirmou que sua cliente não comentaria a doação. Vorcaro também não se manifestou.

O banqueiro foi preso preventivamente em novembro sob suspeita de fraude em uma transação de R$ 12 bilhões com o BRB, sendo solto 12 dias depois por decisão do Tribunal Regional Federal da 1ª Região.

A denúncia por lavagem contra Karolina tramita na Justiça Federal da Bahia e detalha um esquema baseado no dólar-cabo, prática usada por doleiros para movimentar dinheiro ilícito. Segundo a acusação, parte dos valores enviados a ela teria origem no tráfico de cocaína na Europa.

Karolina em ilha paradisíaca na Croácia. Foto: reprodução

A quebra de sigilo indicou repasses que somam R$ 271 mil, incluindo operações nas quais Rowles enviava euros ao doleiro, que repassava o equivalente em reais às contas de familiares e à de Karolina.

“Ele chegava e passava as contas da família dele (…) e da amante, que era a Karolina”, disse o doleiro. Em uma troca de mensagens de 2020, Rowles afirmou: “vou precisar fazer alguma coisa”. Ao ser questionado “quanto”, respondeu: “uns 15 mil daí”. O depósito ocorreu no mesmo dia.

Para o MPF, “a forma como as transações foram realizadas não deixa dúvida acerca da intenção de ocultação da origem, localização, disposição, movimentação e propriedade de valores oriundos do tráfico internacional de drogas”. A defesa, porém, diz que Karolina recebia uma “mesada” como “sugar baby” e “nunca soube do suposto tráfico de drogas imputado aos corréus”.

Karolina Trainotti, “sugar baby” de Daniel Vorcaro. Foto: reprodução
Augusto de Sousa
Augusto de Sousa, 31 anos. É formado em jornalismo e atua como repórter do DCM desde de 2023. Andreense, apaixonado por futebol, frequentador assíduo de estádios e tem sempre um trocadilho de qualidade duvidosa na ponta da língua.