Escândalo de corrupção atinge Zelensky e expõe órgãos de controle, diz New York Times

Atualizado em 8 de dezembro de 2025 às 13:09
O presidente da Ucrânia Volodymyr Zelensky. Foto: Divulgação

Uma investigação publicada pelo New York Times em 6 de dezembro descreve que, nos últimos quatro anos, o governo ucraniano enfraqueceu de modo deliberado os mecanismos de fiscalização de empresas estatais e dos processos de compra de armamentos, favorecendo desvios de recursos.

Segundo o jornal, a gestão de Volodymyr Zelensky afastou especialistas dos Estados Unidos e da União Europeia que atuavam em conselhos responsáveis por acompanhar gastos, indicar dirigentes e barrar irregularidades. O texto aponta que o governo preencheu conselhos com aliados, deixou vagas abertas sem justificativa ou impediu que certos colegiados fossem instalados. Houve ainda alterações em estatutos de empresas para reduzir o alcance de órgãos fiscalizadores, o que permitiu movimentações de grandes somas sem verificação externa.

A publicação veio à tona durante um escândalo que envolve pessoas próximas ao presidente. Órgãos anticorrupção acusam integrantes do círculo de Zelensky de desviar 100 milhões de dólares da Energoatom, estatal do setor nuclear. Apesar de o governo atribuir a falha ao conselho supervisor da empresa, o New York Times destaca que a própria administração havia esvaziado esse conselho.

A investigação menciona também a perda de influência dos conselhos da Ukrenergo, responsável pela rede elétrica, e da Agência de Compras de Defesa.

Edifício da Energoatom. Foto: Divulgação

Mesmo cientes das práticas descritas, líderes europeus seguem destinando grandes quantias ao governo ucraniano. Christian Syse, enviado especial da Noruega, afirmou que os riscos são assumidos devido à guerra e ao interesse estratégico dos países europeus em apoiar Kiev.

No fim de novembro, Andriy Yermak, chefe de gabinete de Zelensky, deixou o cargo após a operação que apura desvios na Energoatom. A imprensa ucraniana noticiou que ele teria partido para Israel, país do qual é cidadão, pouco antes de sua residência ser alvo de buscas. Yermak é visto como figura de grande influência na política interna, na área militar e nas relações externas.

O empresário Timur Mindich, cofundador da produtora Kvartal 95 com Zelensky, é apontado como líder do esquema de desvio. Ele também saiu da Ucrânia rumo a Israel horas antes de uma operação da polícia em seu apartamento. Um ex-integrante do governo ucraniano relatou à Fox News que Mindich mantinha um imóvel de alto padrão, com itens de luxo incomuns, no mesmo prédio onde Zelensky residia.